Idade dificulta acesso dos idosos ao mercado

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 01/05/2018
Horário 12:14

Conseguir uma colocação no mercado de trabalho não é uma tarefa simples, sobretudo quando é limitada pelo fator idade. No Balcão de Empregos, em Presidente Prudente, é alto o número de idosos que buscam um trabalho, informa a responsável pelo setor, Edileusa Alves Palim. no entanto, raramente conseguem uma resposta justamente por não estarem dentro do perfil que as empresas exigem. Ela aponta que já chegou a atender uma pessoa de 82 anos disposta a trabalhar, mas foi obrigada a adverti-la que o mercado para esta faixa etária já não é mais viável. Edileusa acrescenta que, quando há vagas que não determinam idade máxima como requisito, chega a encaminhar currículos de pessoas mais velhas, mesmo ciente de que não haverá retorno. Segundo a responsável pelo balcão, há exceções entre candidatos com até 60 anos, principalmente para a função de motorista.

Este era, a propósito, o cargo que José Uchoa de Matos, 62 anos, desempenhava antes de ficar desempregado e, por se tratar de uma função que não estreita tanto a faixa etária, pretende voltar a exercê-la. No entanto, acredita que se fosse mais jovem teria mais facilidade em retornar para o mercado. “Se o desemprego já está complicado para as pessoas mais novas, imagine para nós, idosos. Penso que há, sim, discriminação, porque acham que não aguentamos o tranco”, comenta José, que afirma estar disposto a voltar para o trabalho e, desta forma, complementar a renda familiar. Enquanto não recebe resposta para nenhum dos currículos entregues, ele e um amigo fazem bico com frete, contudo, já faz três semanas que não são chamados para algum serviço.

Quem também sente na pele essa distinção é a estudante de biomedicina, Alexsandra Neves, 45 anos. Ainda que tenha experiência de 14 anos como recepcionista de um hospital e esteja se especializando na área da saúde, corre atrás de um emprego desde dezembro do ano passado. Ela conta que chegou a ser chamada para uma entrevista de emprego, mas ao entrar no local, notou que a maioria das candidatas era jovem e apenas uma era de sua faixa etária. “Nem eu e nem ela fomos contratadas, então desconfio que optaram por uma pessoa mais nova. Acredito que, infelizmente, as empresas levem a idade e, consequentemente, a aparência em consideração”, avalia.

Apesar disso, Alexsandra não ficou desanimada. Ela relata que está aberta para outras oportunidades além do cargo para recepção, tendo em vista que precisa de um emprego para ajudar no sustento do lar. “Embora meu marido esteja segurando as pontas, temos dois filhos para criar”, denota.

 

Público jovem

Os desafios para uma colocação no mercado de trabalho também atingem o lado inverso, conforme explica Edileusa. Ela expõe que dificilmente há vagas para pessoas muito jovens, o que se justifica pela “falta de experiência” desses candidatos. “Ou seja, a pessoa possui a vontade de aprender, mas não tem a oportunidade por conta dessa limitação”, argumenta.

A responsável pelo Balcão de Empregos complementa que o setor faz o intermédio entre empresa e candidato, sendo a seleção de responsabilidade do empregador, que nunca é a Prefeitura. “Muitas vezes, os candidatos pensam que nós não estamos os ajudando, mas é preciso entender que não podemos encaminhar currículos se não estiverem dentro das especificações da vaga. O Balcão de Empregos faz apenas a ponte entre o desempregado e a empresa”, pontua.

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