Hepatite A pode levar à morte

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 05/05/2018
Horário 12:14

Com a difusão do sistema de saneamento básico, o número de casos de hepatite A sofreu uma expressiva redução nas zonas urbanas e rurais. Isso não quer dizer, no entanto, que a doença deixou de existir. De acordo com o infectologista José Wilson Zangirolami, Presidente Prudente segue sem registros da doença, com exceção de eventuais surtos em unidades de ensino infantil. Ainda assim, estes são poucos verificados. Ele explica que a infecção é causada por um vírus que ataca o fígado e provoca a inflamação do órgão, sendo que, em cerca de 80% das ocorrências, o organismo consegue de forma autônoma eliminar o vírus, sem a necessidade de um tratamento sofisticado. Já nos casos onde há a piora progressiva do estado de saúde do indivíduo, a doença evolui para um quadro chamado hepatite fulminante, caracterizado pela falência do fígado.

Desta forma, a patologia pode se manifestar no paciente de três formas, aponta José Wilson. A mais comum é a assintomática, quando a infecção passa despercebida e a cura é espontânea. A segunda possibilidade é a hepatite aguda, acompanhada por sintomas como icterícia (olhos amarelos), fezes claras, enjoos, vômitos e o inchamento do fígado. Uma vez que não há medicamentos para a doença, o tratamento consiste em repouso e dieta. Já a recuperação ocorre normalmente de três a seis semanas. A terceira situação, por outro lado, se dá quando o organismo não consegue combater o vírus e há a evolução para a hepatite fulminante. O especialista expõe que, neste caso, a demora na realização de um transplante hepático pode levar o paciente a óbito. “Ainda que rara, tal possibilidade não é nula, já que a última epidemia em São Paulo resultou na morte de duas pessoas”, completa.

 

Surto em adultos

Conforme o infectologista, a hepatite A pode ser evitada por meio da imunização, ingestão de água potável e higiene dos alimentos. Esclarece que a recomendação é que a vacina seja aplicada logo na infância. Porém, por ser nova no mercado, existe uma grande quantidade de adultos que não teve a oportunidade de ser vacinada. Como o vírus é mais frequente nas crianças e, na maioria das vezes, a infecção não apresenta sintomas, muitos profissionais entendem que os adultos já foram imunizados por natureza. Entretanto, o que se tem visto ultimamente é a ocorrência de um surto muito extenso em adultos jovens, na faixa dos 20 aos 30 anos. “A hepatite A sempre foi uma doença de criança, então essa nova constatação é bastante inusitada para nós”, comenta.

Isso porque o contágio do vírus pode ocorrer por vias sexuais, principalmente na população homossexual, que possui o hábito do sexo oral no ânus. Por esta razão, o médico denota que a vacina já está sendo pensada para as comunidades com transmissão em adultos. Com relação ao público infantil, ele destaca a presença de surtos em creches e escolas de crianças pequenas, quando há a contaminação da merenda ou caixa d’água.

 

Vacinação

A vacina contra a hepatite A está incorporada ao calendário de vacinação da rede pública de Saúde. No ano passado, o Ministério de Saúde ampliou a idade máxima para a imunização. Antes, os pequenos podiam ser contemplados até os dois anos. Já hoje, deve ser tomada uma dose aos 15 meses ou até 4 anos, 11 meses e 29 dias.

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