Após o anúncio de greve por parte dos trabalhadores dos Correios, a região contou ontem com uma cidade com aderência à paralisação: Presidente Prudente. Com uma adesão baixa, a ação não prejudicou os serviços ofertados pela empresa. Ontem, servidores de Presidente Bernardes e Santo Anastácio realizaram reuniões no fim da tarde com o Sindecteb (Sindicato dos Empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafo e Similares de Bauru, Araçatuba, Botucatu, Presidente Prudente e Região), já que há a intenção de aderir à greve.
O diretor do sindicato na região de Presidente Prudente, Hideyoshi de Oliveira Hina, comentou para a reportagem que ainda não há uma previsão de quando a paralisação se encerrará em todo o país, e afirmou que os reflexos na região poderão ser notados nos próximos dias. “Em Assis, por exemplo, a adesão chegou a 70% e isso quer dizer que a empresa poderá levar pessoas de Prudente, por exemplo, para cobrir as ausências de lá”.
Em nota aberta, o sindicato que representa os trabalhadores afirmou que as federações sindicais estimam uma paralisação que vai afetar 80% de todo o território nacional e lembra que a aprovação do ato ocorreu durante assembleia do dia 10. “A greve é resultado da intransigência da diretoria dos Correios durante a campanha salarial deste ano. As negociações não evoluíram após a direção se negar a alterar sua proposta e descartar a mediação do Tribunal Superior do Trabalho”. Com isso, a categoria alega que a empresa estaria querendo uma “queda de braço” com os trabalhadores.
Entre as reivindicações, além do salário “mais baixo entre os funcionários concursados do Brasil”, está a exclusão da possibilidade de incluir pais e mães no plano de saúde. “Vamos lutar até o final para que possamos evitar essa navalhada no nosso acordo coletivo”.
“Insustentável”
Os Correios, por meio de nota no site oficial, afirmou que a empresa participou de 10 encontros na mesa de negociação com os representantes dos trabalhadores, quando foi apresentada a real situação econômica da estatal e propostas para o acordo dentro das condições possíveis, considerando o prejuízo acumulado na ordem de R$ 3 bilhões. “Mas as federações, no entanto, expuseram propostas que superam até mesmo o faturamento anual da empresa, algo insustentável para o projeto de reequilíbrio financeiro em curso pela empresa”.
No momento, o principal compromisso da direção dos Correios, segundo a nota, é conferir à sociedade uma empresa sustentável. Por isso, a estatal conta com os empregados no trabalho de recuperação financeira da empresa e no atendimento à população.
Insatisfação
A proposta final da empresa, segundo a categoria, antes da greve, envolveu a retirada de direitos e “arrocho salarial”.
Pontos destacados pelo sindicato:
- Fim dos tíquetes nas férias (com a manutenção do vale-cesta)
- Fim do vale-peru
- Exclusão do vale-cultura
- Redução do adicional noturno de 60% para 20%
- Redução da gratificação de férias de 70% para 33%
- Redução de 200% para 100% a hora extra em dia de repouso
- Reajuste nos salários e benefícios de 0,80% (menos de um terço da inflação)
Fonte: Sindecteb