Greve dos caminhoneiros

OPINIÃO - Arlette Piai

Data 29/05/2018
Horário 08:03

A crise no abastecimento de combustíveis que hoje vivemos é a maior desde o governo Fernando Henrique Cardoso. Esse fato faz lembrar a falta de infraestrutura do Brasil, já que dois terços do transporte de carga são feitos por caminhões. Nos cálculos do Instituto de Logística a má qualidade das estradas faz que o caminhoneiro brasileiro leve um mês para rodar 4,4 mil quilômetros, o que dá uma velocidade média de 5 km/h. Isso encarece sobremaneira o preço do transporte e, consequentemente, do frete e dos produtos.

A greve, embora legítima, já pesa na economia e no prato dos brasileiros. Mas afinal, quem são os responsáveis por mais uma vitimização do nosso povo? Começando do começo, Pedro Parente foi ministro do governo de Fernando Henrique Cardoso, ficou conhecido como “ministro do apagão” e apelidado de “senhor das trevas”. Também é réu em ação popular civil desde 2001. Em 2002 foi alvo de duas delações premiadas que segundo Nestor Cerveró, o negócio rendeu US$ 100 milhões em propinas. Embora Parente não seja parente de Michel Temer (MDB), foi por ele nomeado presidente da Petrobrás e assim, volta aos palcos. Como relatado em O Imparcial no dia 24 de maio, na coluna de Cláudio Humberto: “Pedro Parente pôs fogo no país dolarizando a gasolina”.

O Brasil é um país de dimensão territorial, o quinto mais extenso do planeta, ocupa cerca de 1,6% da superfície terrestre e 47% do território sul-americano. Não existe sentido, nem lógica, um país desta dimensão ficar refém das rodovias com grande parte delas em péssimo estado. Dom Pedro 2º, quando imperador do Brasil, diante da nossa grandeza geográfica entendeu ser necessário implantar ferrovias que recortasse o país. Assim nossas ferrovias tiveram o privilégio de serem iniciadas na mesmo época que as dos países desenvolvidos da Europa. Mas no Brasil os trilhos foram destruídos, as ferrovias destroçadas e os trilhos aniquilados; enquanto na Europa estão lá, conservados e ampliados. Com isso, ficamos reféns das rodovias, mais caras, menos confortáveis, menos seguras.

Nossa região foi sacrificada, por excelência, porque a Estrada de Ferro Sorocabana, que fez nascer Presidente Prudente, entrou em estado terminal com seus trilhos abandonados, demolidos e leito coberto pelo matagal. Isso porque, a partir do asfalto das estradas, os cofres públicos abriram-se para obras faraônicas, que se rendiam para atender ao enriquecimento de corporações do sistema rodoviário. As rodovias sacramentadas passaram a constituir fonte quase exclusiva de escoamento de mercadorias. 

O governo precisa, o quanto antes, solucionar mais esta crise do Brasil por ele criada. O quadro de dependência das rodovias deve estar claro que é um engodo, não tem sustentação. Neste momento histórico deseja-se saber quais são as propostas dos pretensos a novos governos para as eleições de 2018. Estaria incluído nas propostas reiniciar o projeto ferroviário? E para Prudente e região, o que será realizado? Este é o momento de o povo exigir para, depois, exigir o exigido. Somente com fiscalização, cobrança e denúncia daqueles que traem a confiança dos eleitores, podemos mudar nossa cidade e nosso país. A eleição está aí!

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