Com o passar dos anos, a arte do grafite passou a conquistar cada vez mais o público, levando cores e formas aos grandes centros urbanos. Mas, ainda são perceptíveis os olhares tortos daqueles que ainda enxergam os desenhos como forma de vandalismo, algo presente no mundo contemporâneo. A fim de descaracterizar e expandir esta arte, na manhã de ontem, ocorreu o 1º Encontro de Grafite Solidário, evento que reuniu 11 profissionais que atuam em Presidente Prudente. Na ocasião, os colaboradores tiveram que desenhar telas com o tema de instituições de caridade da cidade, que foram entregues às representadas. A ação ocorreu na Avenida Brasil, mais precisamente na calçada da ArtGesso, loja que deu iniciativa ao evento.
Paulo César de Oliveira é sócio-proprietário do estabelecimento, e diz que sempre acompanhou os trabalhos desenvolvidos pelos artistas. Diante da admiração, a loja resolveu reunir esta galera para uma reunião, a fim de expandir à população como funciona a arte do grafite. “Muitos ainda veem o desenho como uma pichação, mas, nossa intenção é mostrar o outro lado da arte. E para que este encontro não se transformasse em concurso, levamos para o lado solidário e decidimos que as telas grafitadas seriam entregues a instituições da cidade”, comenta o representante.
Mas, antes da data agendada para o desenho dos quadros, os colaboradores tiveram a missão de conhecer a história das entidades, o que garantiu “mais amor” nas telas, salienta Paulo. “Muitos dos artistas já desenvolvem projetos em instituições da cidade, e a aceitação tanto por parte deles quanto das casas foi imediata”, afirma o sócio-proprietário, que não descarta a possibilidade de uma segunda edição do evento.
Para o grafiteiro Tiago Deziderio, 28 anos, o encontro com a arte contribui para a “ampliação da cultura”, momento em que o trabalho ainda é visto como algo negativo por outros olhos. “Entregar o conhecimento para as pessoas e ver como isso funciona desenvolve o aprendizado e a habilidade, o que pode se tornar algo profissional para elas”, pontua o artista.
Grafiteira há apenas 6 meses, Fernanda Cristina Mota Branco, 28 anos, também acredita no compartilhamento do aprendizado, o que garantirá “maior visibilidade” à área. Já Itamar Xavier de Camargo, 39 anos, enxerga uma “contribuição positiva” que a arte na tela levará para a instituição de caridade, e aproveitou a manhã para trocar experiências com outros participantes. “Isso também ajuda na minha formação como artista”, pontua.
“Ficaremos eternizados”
Enquanto os participantes desenvolviam os desenhos, representantes das instituições acompanhavam de pertinho os detalhes de cada artista. A fundadora do Carim (Associação de Apoio ao Paciente Renal Crônico e Transplantado), Sumaia Zakir, diz que este é o primeiro trabalho em grafite que a instituição recebe, considerado um “marco de que estamos sendo vistos”. “Ficaremos eternizados em um quadro”, salienta a fundadora.
De acordo com Marli Teresinha Emke, cuidadora social do Serviço de Obras Sociais SOS Criança, a obra de arte será colocada no salão de festas para recepcionar os convidados. “Recebemos diversos quadros como doação, e o artista permite que coloquemos à venda em eventos beneficentes. Este tem um motivo especial, e ficará conosco”, argumenta.
SAIBA MAIS
Conforme a divulgação do evento, 11 instituições foram representadas nos grafites: LBV (Legião da Boa Vontade), APPA (Associação Prudentina de Prevenção a Aids), Serviço de Obras Sociais SOS Criança, Associação Bethel Projeto Mão Amiga, Centro Educacional Infantil Walter Figueiredo, Unipode (União das Pessoas com Deficiência), Instituição Amor e Caridade, Vila da Fraternidade, Lar Santa Filomena, Carim (Associação de Apoio ao Paciente Renal Crônico e Transplantado) e Fundação Gabriel de Campos.
