Gestão pública exige preocupação com possíveis reflexos nas futuras gerações

EDITORIAL -

Data 16/12/2018
Horário 04:07

Não é de hoje que O Imparcial relata a dificuldade do escoamento de produtos da indústria regional, prejudicada pela guerra fiscal (competindo com os tributos menores aplicados nos Estados vizinhos) bem como a desativação de modais ferroviário e hidroviário no oeste de São Paulo. Não à toa que no mês de novembro o pior indicador do Nível de Emprego nas indústrias, realizado pelo Ciesp/Fiesp (Centro e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) foi em Presidente Prudente.

Isso significa que nada menos do que 1.650 vagas de trabalho foram extintas do mercado de trabalho com o desempenho negativo das indústrias regionais, especialmente para o setor de coque, petróleo e biocombustíveis, com uma retração de 22,61% no período. É importante lembrar que a política adotada pelo Governo Federal até 2014 de usar o preço do petróleo como forma de controlar a inflação foi o grande algoz do setor sucroalcooleiro, e motivo pelo qual até hoje o segmento amarga duras perdas e luta para conseguir se restabelecer novamente. E isso, mesmo quando há um crescente aumento no consumo de etanol diante de preços altíssimos da gasolina.

É necessário olhar para os reflexos em longo prazo das medidas macroeconômicas que são adotadas para que possamos evitar cometer sempre os mesmos erros. Não foram profícuos como poderiam ter sido todos os investimentos realizados a partir de 2010 em usinas de cana, na busca de combustíveis mais limpos e sustentáveis, quando na hora que a crise financeira “apertou” nós precisamos retroceder todos os avanços que havíamos conquistado. Trata-se de elencar verdadeiramente as prioridades e manter coerência nas políticas públicas de modo a realmente trabalhar por um projeto de país, não apenas almejar um resultado imediato para fins eleitoreiros.

O administrador público deve compreender que sua gestão traz reflexos para a posterioridade e levar em conta o bem estar também dos cidadãos que viram a lidar com essas consequências no futuro. A gestão do Estado deve ser encarada como uma grande responsabilidade - e não como um privilégio – diante da seriedade do impacto de cada medida adotada naquilo que há de mais precioso no planeta: a vida. 

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