Gays querem privilégios?

OPINIÃO - Olivia Alves de Almeida

Data 11/07/2019
Horário 04:12

Andar de mãos dadas nas ruas, casar, ter filhos. Essas coisas da vida são comuns para casais heterossexuais, mas quando se trata de casais de pessoas do mesmo sexo é tudo muito mais complexo: andar de mãos dadas na rua pode ser motivo para sofrerem violências e o direito ao casamento e à adoção são ainda discutidos.

Coisas simples, como ser chamado pelo nome que te agrada ou apenas ir ao banheiro, se tornam grandes problemas quando se é uma pessoa transgênero (que não se identifica com o gênero atribuído de acordo com o sexo biológico). Essas pessoas sofrem violências cotidianas diversas, pela assustadora dificuldade de serem reconhecidas socialmente. Além de serem chamadas pelo pronome errado e negadas a utilizar o banheiro no qual se sentem confortáveis, são inúmeros os casos de agressões verbais, físicas e morais que precisam enfrentar diariamente.

Esse recorte de questões cotidianas evidencia um problema que na realidade é muito mais amplo: a desigualdade e a discriminação de pessoas LGBT+ (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, travestis, transexuais e diversas outras orientações sexuais ou identidades de gênero que fogem ao padrão). O preconceito se expressa de tantas formas que coloca a vida das pessoas em risco a cada segundo: o Brasil é o 1º no ranking de homicídios de travestis e transexuais, segundo a ONG (organização não-governamental) Transgender Europe.

A DUDH (Declaração Universal de Direitos Humanos) da ONU (Organização das Nações Unidas), de 1948, orienta as ações de diversos países em busca da igualdade de direitos e a Constituição Federal do Brasil (1988) aborda em seus primeiros artigos a importância de promover o bem de todos, sem preconceitos ou discriminação de qualquer tipo. Ainda assim, algumas pessoas defendem que gays querem privilégios quando lutam pelo direito ao casamento civil, à adoção de crianças, à criminalização da homofobia, entre outras pautas que apenas buscam garantir a equiparação de direitos com relação à população em geral.

É definido globalmente e nacionalmente que todos tenham direitos iguais. Todos, sem exceção. Portanto, não é privilégio ter acesso a tudo aquilo que já pertence aos outros grupos. Não é privilégio ter que batalhar para garantir uma vida digna sendo quem você é, podendo existir sem ser atacado.

Privilégio é ter seus direitos garantidos e questionar se o outro merece isso também. Privilégio é poder escolher dar direitos apenas pra alguns, e parece que a classe política sabe muito bem fazer esse jogo em que mantém seus privilégios enquanto nega direitos para a população. Quer contribuir com a causa LGBT+? Em Presidente Prudente existe a Casassa (Casa de Acolhimento LGBT+), que além de acolher pessoas expulsas de casa por conta da orientação sexual e identidade de gênero, também promove atividades sociais, culturais e artísticas com objetivo de fortalecer a comunidade LGBT+ promovendo a integração com toda a sociedade.

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