Garantia de esmolas é incentivo para permanência na mendicância

EDITORIAL -

Data 19/12/2018
Horário 06:11

Fim de ano chegou e com ele, nas ruas, um maior número de pessoas pedindo esmolas, entre os veículos e nas áreas de maior concentração de pessoas, como no calçadão da Rua Tenente Nicolau Maffei, no centro de Presidente Prudente. Crianças, jovens e até idosos têm peregrinado em busca de angariar recursos financeiros, alegando desemprego, fome e preparo da ceia de Natal. Motivados pelo “espírito natalino”, muitos cidadãos se solidarizam com a oferta de dinheiro.

A cena, que volta a ser corriqueira, muitas vezes tem como personagens pessoas de atitudes suspeitas, com tom ameaçador, o que faz com que muitos se sintam obrigados a dar o dinheiro, com vistas a preservar a integridade física, uma vez que na negativa temem se tornar vítima de assalto ou qualquer outro crime.

A Polícia Militar orienta a comunidade a acionar o 190 em caso de ameaça. Pedir esmolas não é crime, entretanto uma abordagem no qual a pessoa se sinta ameaçada ou forçada a entregar o exigido pode se enquadrar como constrangimento ilegal, roubo ou extorsão.

A quantidade de pedintes nos semáforos e no centro preocupa e merece atenção das autoridades. Temos em Prudente um povo solidário, de bom coração, engajado no voluntariado, uma gente que gosta e se sente bem em ajudar. Mas será que dar esmolas é a melhor maneira de colaborar ou a população se sente acuada e não vê outra forma a não ser conceder o dinheiro? Receber esmolas acaba se tornando um meio de vida deste cidadão. Muitas vezes, o dinheiro vem de forma fácil, o que torna a situação confortável ao pedinte.

Em 2009, uma campanha de conscientização para que a sociedade não desse esmolas a crianças e adolescentes deu certo e os resultados foram satisfatórios. Embora focada ao menor de idade, a ação parece ter atingido também os adultos, já que durante pouco mais de um ano, eram raros os casos de pessoas pedindo dinheiro nos pontos de parada, onde foram inseridas placas de alerta.

Na época, a campanha foi encabeçada pelo CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente), Poder Judiciário e MPE (Ministério Público do Estado) e, nos dias atuais, merece ser retomada. Além disso, a Assistência Social deve seguir com a identificação destas pessoas para integração destes pedintes em projetos sociais e de capacitação profissional. Dar ou não esmolas é uma decisão pessoal. Mas avaliar os prós e contras da mendicância é estar consciente com os efeitos desta problemática.

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