“O que temos para hoje é saudade”. Foi assim que amanheceu o domingo para a equipe de futsal e futebol feminino da Semepp (Secretaria Municipal de Esportes de Presidente Prudente), após receberem a notícia de que Thamara Cristina, 25 anos, havia morrido na madrugada de sábado. Após colisão, a atleta e profissional de Educação Física, foi arremessada para fora do carro e atropelada na Rodovia Raposo Tavares (SP-270), por volta das 3h20.
Sempre envolvida com a equipe de futebol feminino, seja jogando ou de fora, Thamara iniciou sua trajetória na equipe em 2007. Segundo a treinadora, Leniza Garrido, a atacante ajustava seus horários para que pudesse continuar seus treinos pelo time prudentino. “Todas as atletas quando atingem idade de faculdade, ou quando começam a trabalhar, dividem seu tempo entre os estudos, o trabalho e o futebol, e é o que ela fazia, trabalhava em uma escola em Regente Feijó, numa academia aqui em Prudente, e ainda treinava a noite conosco”, lembra.
Seu último título jogando foi em 2013, nos Jogos Regionais que ocorreram na cidade de Osvaldo Cruz (SP), mas desde então, todas as outras conquistas tiveram marcas de Thamara, já que o envolvimento com a equipe sempre foi muito forte. “Sempre que ela estava na quadra ou no campo era 100% dedicada e competitiva, jogava como atacante ou ponta porque era rápida. Era amiga de todas, uma ótima pessoa dentro e fora de quadra, sorridente e brincalhona com todo mundo”, conta a treinadora.
O time, atual campeão dos Jogos Regionais 2018, não pode repetir o sorriso do título e nem ter um fim de semana animado, de um jeito que combinasse com o jeito de Thamara. “Era uma pessoa que conquistava a todos, com seu jeito extrovertido de ser e para muitas do time ela era como da família. Estamos muito sentidos por essa perda, foi muito de repente. Mas, esperamos que Deus nos ajude a suportar essa falta, e o que fica dela são todas as lembranças boas que todos da equipe puderam viver com ela. A Thamara sempre será lembrada e guardada em nossos corações, a pequena menina com um coração enorme”, lamenta a treinadora, com nó na garganta.
Amigas a partir do futebol
Sabe aquela frase conhecida “Não é apenas futebol”? Ela pode resumir o que Thamara sentia pela modalidade que, não só proporcionou momentos em equipe, como também, lhe apresentou pessoas que seriam como família. Foi o caso com Anelise Viana, que pode curtir a presença da “amiga irmã” durante dias inteiros. “Eu jogava futebol com ela, foi onde a conheci. Depois disso, nossa amizade só cresceu a cada dia, trabalhava com ela em uma academia, tinha a presença em todos os meus dias, finais de semana ela estava na minha casa, junto com amigos, junto com minha família. Fazíamos tudo juntas”, lembra a jogadora.
Considerando uma das maiores dores já sentidas, Anelise recorda da pureza que Thamara passava aos demais. “Ela era uma menina que nunca vi maldade, tinha um coração sem explicação, a melhor pessoa que já conheci, a melhor amiga que já tive, e hoje com um nó na garganta, é uma das maiores dores que já senti. Mas, vou ter que me acostumar com a ausência dela. Não está sendo fácil, mas tenho a certeza que o tempo que pude viver com ela foi um presente que Deus me deu. E Ele vai me ajudar a superar essa dor”, lamenta.
Segurando o choro de tristeza, Anelise apenas agradeceu o fato de que pode ser feliz vivendo com Thamara. “Agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de dizer isso a ela, sempre “irmã, te amo”. Obrigada por fazer parte da minha vida, da minha família, você já está fazendo muita falta. Não sei como vai ser daqui pra frente, só peço forças para conseguir passar por esse momento, mas com a certeza que sou uma pessoa de sorte por ter conhecido uma pessoa maravilhosa. Você é inesquecível”, afirmou.
