Fotógrafo “voa alto” no Morro do Diabo

Apaixonado por aves e registros da natureza, José Roberto Pireni já é referência no Parque Estadual; são dele fotografias inéditas do frango d’água pequeno e marreca-do-bico-roxo, por exemplo

VARIEDADES - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 01/02/2020
Horário 05:14
 José Roberto Pireni - Fotografia inédita da águia-cinzenta, feita em 2018, uma ave com grande risco de extinção
José Roberto Pireni - Fotografia inédita da águia-cinzenta, feita em 2018, uma ave com grande risco de extinção

José Roberto Pireni, 71 anos, ama a fotografia, as aves, sua cidade Teodoro Sampaio e o Parque Estadual do Morro do Diabo. Ama tanto tudo isso que sua maior conquista, não tem dúvidas, é chamar a atenção, por meio de seu trabalho, de fotógrafos de natureza e observadores de aves para irem ao Morro do Diabo. Desta forma, além de mais rapidamente catalogar e fotografar as 411 espécies de aves existentes na reserva ecológica, aqueceria o turismo em Teodoro Sampaio.

O número 411, referente às espécies de pássaros que supostamente existem no Parque Estadual do Morro do Diabo, Pireni explica, foi estabelecido por ornitólogos (estudiosos de aves) que foram ao parque em 2003, Willy e Onyx, entretanto, apenas 326 já foram registrados em fotografias. Pireni fotografou 252 destes em cinco anos como observador de pássaros.

“A ÚLTIMA VEZ QUE MATEI UM ANIMAL FOI NO INÍCIO DOS ANOS 80. MAS COMECEI ME CONSCIENTIZAR, EU TINHA UMA ARMA PONTO 12 NAS MÃOS, HOJE TENHO UMA CÂMERA NIKON”

José Roberto Pireni

O fotógrafo se orgulha de ser responsável por alguns registros inéditos, nunca fotografados ou descritos, na reserva, o mais recente, a marreca-do-bico-roxo fêmea (Nomonyx Domicius ). Outro grande destaque é a fotografia inédita da águia-cinzenta (Urubitinga Coronata), em 2018, ave com grande risco de extinção. Pireni é, também, o primeiro a registrar em Teodoro Sampaio o jarucutu (Bubo Virginanus, uma espécie de coruja), frango d’água pequeno (Porphyrio Flavus), e o primeiro a fotografar o mãe-lua-gigante (Nictibius grandis).

DE CAÇADOR

À DEFENSOR

“Fotografia não cai no colo”, enfatiza Pireni. O processo que o fez fotógrafo de natureza é longo, e a produção de suas fotos, não menos complexas. Ele afirma que o Parque Estadual é como seu quintal, por lá Pireni começou a observar as aves, “vinham araras, pica-paus, tucanos, canarinhos; de caçador me tornei amante da natureza”.

Na década de 1980, ele explica, a caça era uma prática comum. O seu pai era caçador e ele o acompanhava, caçava para comer. “A última vez que matei um animal foi no início dos anos 80, estava em Primavera, distrito de Rosana, lá era normal moqueca de jacaré, churrasco de capivara. Mas comecei me conscientizar, eu tinha uma arma ponto 12 nas mãos, hoje tenho uma câmera Nikon”, salienta.

Pireni, cuja vida, há alguns anos, dedica ao Morro do Diabo, afirma ter visto por cinco vezes a onça pintada, quando conseguiu duas fotos do maior felino das Américas. Em outras duas ocasiões, observou a onça parda, mas não nega seu carinho especial aos “animais voadores”.

UM TRABALHO

COM LEGADO

Pireni tem certeza de que o trabalho de documentação das aves na reserva ambiental de mata atlântica, em Teodoro Sampaio, ou seja, todos os dados levantados pela equipe do local, serão amplamente utilizados, e já são, como fonte de pesquisas, algo que o felicita. “Eu não vou sair viajando em busca de novos registros”, destaca. “Quero novos registros aqui, no Parque Estadual”, conclui.

Ele não se esquece de afirmar a importância do biólogo que o acompanha e que promove e divulga as conquistas científicas do local, Wilton Felipe. Fotos enviadas pelo parceiro para importantes revistas de natureza foram publicadas na “Check-List”, “Gotinga” e “Atualidades Ornitológicas”. “É importante ter o reconhecimento do seu trabalho, mas quero chamar atenção para o Morro do Diabo, e não para José Roberto Pireni”, explica.

 

 

 

 

 

 

 

 

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