O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que provoca a morte acelerada dos neurônios. De acordo com a geriatra Luciana Mendes de Souza, pessoas com mais de 60 anos estão sujeitas a sofrer de Alzheimer, sendo que, no Brasil, existem mais de 15 milhões de casos da doença. Infelizmente, ainda não existe cura, porém, existem medicamentos que retardam a progressão da enfermidade. O geriatra José Eduardo Pinheiros Soares acrescenta que 6% da população na terceira idade é por ela atingida, e ressalta que a prática de exercícios é aliada contra o avanço da doença.
Luciana fala que o Alzheimer é um tipo de demência que compromete as funções cognitivas, reduz a capacidade da pessoa e altera o comportamento e a personalidade do indivíduo. A doença é composta por três níveis: inicial, intermediário e avançado, entretanto, no início é difícil identificar os sintomas com clareza, pois podem ser confundidos com outra doença cerebral e até mesmo serem vistos como um fator da velhice. “Por ser uma doença degenerativa acaba afetando várias regiões, resultando em diferentes sintomas”.
Ainda não existe uma causa que possa ser específica do Alzheimer, mas a idade e a genética podem ser relacionadas ao quadro clínico. Além disso, a boa qualidade de vida com prática de exercícios, convívio com bastante pessoas e a dança podem ajudar a retardar a progressão do quadro cognitivo.
Os principais sintomas são a perda de memória recente e da memória progressiva, sendo que o paciente também começa a ter dificuldade para raciocinar, planejar e decidir. Em muitos casos, existe o aparecimento da agitação, ansiedade e depressão. De acordo com Luciana, o diagnóstico pode ocorrer por meio de testes neurológicos e cognitivos para descartar outra doença. Ela completa que existem medicamentos que ajudam a impedir o avanço rápido da enfermidade em seus primeiros anos.
Atividades físicas
Segundo José Eduardo, estudos apontam que pacientes com Alzheimer poderiam ter a velocidade de instalação dos déficits reduzida e até mesmo sua reversão, por meio da prática de exercícios físicos regulares, pois existe a liberação de um hormônio conhecido como irisina, produzido pelos músculos. Ainda de acordo com ele, as atividades físicas melhoram o ritmo circulatório e ajudam a oxigenar o cérebro, assim, os pacientes com demências, principalmente vasculares e ateroscleróticas, podem ter melhora dos sintomas. Além disso, o médico lembra que o exercício libera endorfina, substância natural que dá a sensação de bem-estar e disposição, gerando impacto positivo em relação ao Alzheimer. “Nada disso é uma prevenção absoluta, mas são indícios de que as atividades físicas têm um papel importante no tratamento dos pacientes”, ressalta o geriatra.
Família
A funcionária pública Cilene Bezerra dos Santos, 45 anos, conta que seu pai, hoje com 69 anos, foi diagnosticado com a doença de Alzheimer aos 59 anos, ou seja, há uma década. Para ela, enfrentar a situação é algo difícil, pois afeta toda família. “Tenho saudades da pessoa que vejo na minha frente, mas não está ali. O olhar parece vazio, sem expressão, às vezes, vejo lágrimas caírem dos olhos dele, mas nunca sei o que pensar”, desabafa Cilene.
“Meu pai sempre foi uma pessoa culta, era também procurador do Estado, e quando notamos a presença da doença, percebemos que ele era novo para desenvolvê-la, o que abalou toda família. Ele começou esquecendo aonde guardava a chave, sempre culpava alguém em casa. Depois, houve uma alteração no comportamento, pois sempre ficava irritado, até que chegou a ficar nervoso e bravo constantemente”, descreve a filha.
A funcionária púbica relata que seu pai já chegou a ficar acamado e hoje a fala também foi atingida, além de certos movimentos, como comer sozinho e tomar banho. “Estas já são necessidades que dependem de uma segunda pessoa para serem realizadas”, conta Cilene. Para ela, o essencial para passar por tudo é a paciência, carinho da família, amor e fé.