Falta de empatia e senso de coletivo são os grandes males da atualidade

EDITORIAL - Thiago José de Souza Bonfim

Data 10/08/2018
Horário 07:35

Há, aproximadamente, três semanas um incêndio trágico marcou os moradores do oeste paulista, sobretudo pela suspeita de que fosse criminoso. Os 90 trabalhadores da Cooperlix (Cooperativa dos Trabalhadores de Produtos Recicláveis de Presidente Prudente) acordavam cheios de dúvidas e temores sobre seu futuro no dia 23 de julho, após a destruição de tudo que havia dentro do barracão em que cumpriam suas jornadas todos os dias.

Apesar de o laudo da Polícia Civil ter sido concluído sem indicar exatamente as causa do incêndio, como noticiado hoje, as investigações ainda seguem no sentido de descobrir se a origem foi criminosa ou não. O fato é que, simultaneamente, três focos de incêndio ocorreram naquela madrugada, de acordo com o vigia do local, de modo que foi impossível para ele conter sozinho o avanço das chamas.

Caso a ocorrência tenha sido fruto da crueldade de alguma pessoa ou de algum grupo, isso não surpreenderia muito diante do cenário de ausência de empatia e de senso de coletividade no qual nos encontramos. Infelizmente esses valores têm sido substituídos pelo hedonismo e individualismo que penetraram o tecido social e se estabeleceram como verdadeiros parasitas, extraindo a vitalidade das poucas virtudes que nos restavam.

Só é possível alterar essa realidade por meio de uma nova construção cultural, enraizada, sobretudo na esperança de um futuro melhor para o país: as nossas crianças. Elas são bombardeadas, dia após dia, pelo reflexo da perda de valores preciosos como família, espiritualidade e até honestidade (diante da degradação da humanidade que se “acomodou” à corrupção). No entanto, essas convicções até então presentes na vida das pessoas não foram substituídas por outras que fossem edificantes, acabaram sendo suplantadas pelo materialismo e pelo utilitarismo. 

É necessário resgatar nessas novas gerações o conceito de vida em comunidade e a importância do outro. Retornar às origens do “amor ao próximo” para construir uma sociedade que caminhe lado a lado, de mãos dadas, disposta a abrir mão dos pequenos benefícios em prol do bem da coletividade. Uma geração capaz de compreender que o “eu” jamais existiria sem um “nós” e que uma vida humana não sobreviveria sem os cuidados de outro ser, que abdica de sua vontade para atender as necessidades de um bebê. Trata-se de ressignificar o apreço concedido ao agrupamento de semelhantes, que costumamos chamar de sociedade.

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