Falta de discernimento e de senso crítico reflete desapego à leitura

EDITORIAL -

Data 02/11/2018
Horário 04:05

Coisa rara hoje em dia é nos depararmos com adolescentes e jovens imersos no universo da literatura. Mal eles sabem o que estão perdendo. Perdem não somente no prazer de mergulhar em outros mundos, conhecer novas culturas, outras épocas, se apaixonar por tantos personagens. Mas também em adquirir conhecimento, repertório, em saber utilizar corretamente a língua portuguesa, em interpretar textos, em redigir redações. Triste é ver que a nossa bela gramática perde a razão de existir nas mensagens abreviadas das redes sociais, e que, diante da massificação da tecnologia, o apego pela escrita e leitura se esvaiu ainda mais.

Parece que ninguém mais tem paciência para ler textos densos. Muitas vezes, as pessoas mal leem os títulos das matérias jornalísticas, por exemplo, e já querem deduzir o conteúdo da notícia inteira – afinal, quem tem tempo para perder lendo? Infelizmente, este tipo de comportamento acaba por formar o “senso crítico” de parte da população, que transfere para a sua realidade a desinformação como uma verdade absoluta.

Juntam-se a isso a educação de péssima qualidade oferecida em tantas escolas deste país, resultando no analfabetismo funcional, e a falta de incentivo ao hábito da leitura, e temos uma população formada por cidadãos sem discernimento, que não tem capacidade de refletir sobre questões que impactam diretamente na sua qualidade de vida e bem-estar. Quantas e quantas pessoas reconhecem de pronto que detestam economia, política, sociologia, história... como, então, terão capacidade para exercer a verdadeira democracia, se tão somente entregam de bandeja sua voz e poder de escolha a outros que sabidamente estão apenas preocupados em ocupar o poder e encher seus bolsos de dinheiro?

Passou da hora das pessoas pararem de agir de forma infantiloide, delegando a outrem sua obrigação de zelar por um Brasil mais digno para a posteridade. É preciso ter senso crítico, saber questionar, buscar a raiz das informações, quem as produziu e quais seus interesses. E tudo isso é infinitamente melhor compreendido e absorvido por aqueles que se renderam ao encantador e indispensável hábito da leitura. Afina, para saber mais, leia!

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