Falta de conhecimento gera desperdício de comida

Não reaproveitamento dos produtos traz perda de fibras, qualidade de alimentação e nutrientes essenciais para o organismo

PRUDENTE - SANDRA PRATA

Data 24/06/2018
Horário 04:32
José Reis - Charlene utiliza cascas de frutas para fazer doces e bolos "low carb"
José Reis - Charlene utiliza cascas de frutas para fazer doces e bolos "low carb"

Pelo menos 61% dos brasileiros descartam toda semana um ou dois alimentos em perfeito estado. Destes, 49% assumem fazer desperdícios diariamente. Os dados foram levantados pela empresa Unilever em parceria com a ONU (Organização das Nações Unidas). Realmente, nem todo mundo gosta de cascas de maçã ou procura novas utilidades para as folhas daquela verdura que está na geladeira há mais de dois dias. Isso, segundo a nutricionista Patrícia Zacharias, é o principal fomentador do desperdício: a falta de conhecimento das possibilidades de reaproveitamento. Mas quais os alimentos que mais vão para o lixo, como reaproveitá-los e por quê?

De acordo com Patrícia, as principais “vítimas” da lixeira são legumes, verduras e cascas de frutas. “As pessoas jogam muito couve-flor, por exemplo, e poderiam fazer refogado, usar em sopas”, explica. O principal descarte é na hora da lavagem e escolha dos alimentos. Outro fator que influencia na falta de reaproveitamento, conforme a nutricionista, é a fartura da qual os consumidores dispõem. “Nos mercados nunca falta, então, as pessoas não têm dó de jogar fora”, pontua.

Com isso, o valor nutricional do alimento fica comprometido. “Geralmente, principalmente nas cascas, existem muitas fibras e vitaminas que são importantes para o organismo. Jogando isso fora se perde um pouco a qualidade da alimentação”, ressalta Patrícia. Todavia, apesar do índice do estudo, ela garante que a conscientização tem ganhado mais espaço.

Hábitos alimentares

Se não em nível nacional, mas pelo menos na vida de alguns moradores de Prudente, a mudança de hábito alimentar e reutilização de alimentos são realidade. O estudante Jenilson Silva, 21 anos, a professora Charlene Valevi e Luiz Baldes Júnior, ambos de 35 anos, trouxeram mais saúde para suas vidas em busca da perda de peso.

Futuro publicitário, Jenilson começou a melhorar sua alimentação há um ano e meio, quando aumentou no cardápio os produtos orgânicos. “Eu nunca consigo jogar as coisas fora, evito deixar os alimentos se perderem, então sempre faço compras semanais da quantidade exata do que vou comer”, explica. Sobre o reaproveitamento, o jovem conta que faz vitaminas com cascas de abacaxi, banana e legumes. “É bom para aproveitar todas as propriedades dos alimentos, gosto de fazer umas misturas”, revela.  

Hoje com 19 quilos a menos, Jenilson avalia que hábitos saudáveis estão diretamente ligados à qualidade de vida e isso traz motivação para continuar. “Sabe aquela roupa que não te servia? Aquele percurso que você não conseguia correr, aquela escada que você subia ofegante? Tudo isso ajuda”, pontua.

Além de dar aulas, Charlene também vende bolos “low carb” (de baixo carboidrato) e estende o reaproveitamento para a preparação dos produtos. “Compro banana e, a casca, devidamente higienizada, consigo utilizar no bolo, porque tem bastante fibra e vitaminas”, explana. Além disso, a prudentina usa cascas de maçã para fazer chá. “Você tem economia, tem um aproveitamento maior do alimento e fica gostoso”. Essa rotina já dura três anos e começou após uma cirurgia bariátrica a que se submeteu, que, junto com o controle alimentício, resultou na perda de 52 kg.

Dos três, quem leva uma vida saudável há mais tempo é Luiz, que começou há sete anos e hoje colhe frutos com o controle de peso. Ele destaca a “incrível” alteração na disposição e na imunidade. “Lembro que antes eu tinha a imunidade muito baixa, ia ao banco e com o ar-condicionado já ficava espirrando. Hoje não tenho quase uma gripe”, relata. A constante motivação do prudentino é o jargão “infelizmente, quilos a mais são dias a menos de vida” e acreditar que de nada adianta chegar aos 100 anos tendo passado os últimos 20 em uma cama.

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