Eu escolho a minha mãe!

Papai Educa

COLUNA - Papai Educa

Data 14/05/2017
Horário 12:41
Foto: Zi Cardoso Photography
Foto: Zi Cardoso Photography

Eu sou o preferido dos meus filhos, até a mamãe aparecer. O meu caso não difere de milhões de pais de crianças pequenas de todo mundo. A partir do momento em que nós, homens, assumimos a paternidade ativa, com doação em tempo integral à família, dedicando-se em igualdade com a mãe, em muitos casos, nos sentimos frustrados por não receber da prole o mesmo retorno que a figura materna. Esse sentimento é maior para o papai de primeira viagem que ainda não vivenciou as fases do desenvolvimento infantil. Foi assim comigo. A sensação de “abandono” se acentuou, uma vez que o tempo que antes era dedicado pela minha esposa a mim passou a ser dispensado, em sua maioria, à criança. E, aí, me senti no banco de reserva. Contudo, o andar da carruagem me provou que eu nem sempre era a segunda opção!

Antes mesmo da criação do Papai Educa, no Instagram, minhas publicações possibilitaram a comunicação com papais de diversas localidades. A atuação em rede social atualmente me permite participar de grupos de homens que colocam em prática sua vida real de pai. A queixa, nos “clubes do bolinha”, normalmente são próximas quando o assunto é a “preferência” dos filhos. A mamãe rouba a cena, sempre.

Hoje compreendo toda dependência que meus meninos têm da mãe. Embora calado, confesso que no início tive dificuldade para assimilar. Por maior que fosse minha dedicação na oferta de qualidade de tempo, quando ela surgia, era como se eu não estivesse ali, passava despercebido. Depois de tanto investimento físico e emocional, me sentia novamente no banco. Esta realidade foi constante, sobretudo, até os dois anos de vida do meu primogênito. E, muitas vezes, ainda é. Se a mãe aparece após se ausentar por algumas poucas horas (ou até minutos), os olhos brilham, o semblante muda, uma explosão de alegria o invade, é como se ele não a visse há anos... O cenário é daqueles que vislumbramos em slow motion, de boca aberta, com inúmeros replays. E eu, o pai? Assisto e me emociono com tamanha grandeza de sentimento!

Amor não se compete, não se coloca em balança de precisão para pesar quem recebe mais ou menos. Cada um ocupa sua posição e grau de importância na vida dos filhos. A nós, homens, na sequência das fases a partir do nascimento, vislumbraremos necessidades pontuais e estreitamentos naturais no relacionamento com a prole. Enquanto meu filho quer a mãe para fazê-lo dormir, por exemplo, em mim, ele busca segurança, orientação e lazer. Meu primeiro João me copia em quase tudo, no jeito de se comportar, de falar, de sentar, de agir... e, assim, constrói, sua identidade! Isso me motiva a me policiar, a buscar ser um cidadão melhor para que ele possa se referenciar. Esta dedicação nos aproxima, nos mantêm juntos, interligados... E, hoje, eu também sou preferência para inúmeras atividades. O caçula, em seus 45 dias de vida, ainda vive a dependência integral da mamãe. Mas estou a postos, disponível.

Pais, não alimentem o ciúme doentio entre si, não tracem competição, não se imitem, mas busquem no outro aquilo que a criança gosta de receber dele. Ter prioridade para determinada ocasião não significa ser mais amado. Muitas vezes, há afinidades, por oferta de qualidade no atendimento às suas necessidades: aleitamento, alimentação, carinho, atenção, proteção, brincadeiras... E estas escolhas ocorrem em toda relação social: família, amigos, colegas de trabalho, de escola...

Evite sobrecarregar a criança com cobranças: “Você prefere a mamãe ou o papai?”. Os laços entre pais e filhos tendem a se estreitar ainda mais se, nesta relação, há comportamentos saudáveis, não agressivos, lesivos aos pequenos, mas aqueles que garantem amor e assistência. Não sinta-se desestimulado a não exercitar a paternidade ativa e responsável ao ver seu filho se desgarrar de seus braços e correr para os da mãe mesmo após uma incansável oferta de amor.

Queira esta cumplicidade, entenda cada fase do desenvolvimento infantil, troque experiências com outros pais e com especialistas no assunto. Estude, estude, estude... e invista no seu maior projeto de vida. Informação e conhecimento transformam o mundo e podem também gerar mudanças no seu lar. Não busque o posto ocupado pela mãe, valorize-a, aprenda com ela e se banhe com tamanha ternura.

A minha mãe é luz para minha vida, o mesmo que a minha esposa para nossos filhos. A relação materna, que vem das entranhas, do ventre, de ser o objeto de amor, irrigado com leite da alma, não será vivenciada pelo ser humano do sexo masculino. Ela nutre, supre, cuida, ouve no silêncio, acalenta no olhar, enxerga na escuridão... é criação divina, ser imaculado. É incomparável. É mãe!

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