Eu e a Unesp

OPINIÃO - João Francisco Galera Monico

Data 23/06/2019
Horário 05:15

No ano em que a FCT/Unesp celebra 60 anos, estarei completando 42 anos de envolvimento com a mesma; 5 como aluno de graduação e 37 como docente e pesquisador. Vale destacar que antes de ser aluno da FCT/Unesp, durante o período que trabalhei numa marcenaria local, atuei nas instalações das divisórias nos docentes I e II. Não tinha a mínima ideia de que poderia estar relatando sobre isto no futuro, como docente desta universidade.

Fui aluno da primeira turma de Engenharia Cartográfica, que se iniciou em agosto de 1977. Na camiseta da turma de 20 alunos comparecia a autodenominação “Cobaias”. E de fato éramos! Falta de professores especializados, computadores apenas na imaginação, distâncias dos grandes centros onde se produzia Cartografia, etc.

Minha intenção não era seguir neste curso. O plano era transferir para a Engenharia da Unicamp, razão pela qual após ter sido aprovado, continuei seguindo as aulas do cursinho Objetivo. Mas o envolvimento no curso foi tanto que a inscrição para o vestibular da Unicamp foi esquecida e já estava, juntamente com outros colegas de turma, disputando o DA (Diretório Acadêmico). Claro que não fomos vitoriosos, pois a chapa envolvia apenas alunos de nosso curso. Mas sim, no próximo pleito, numa composição com outros cursos.

Lembro-me de várias realizações interessantes: shows do Tarancón, Quarteto em Si e Jorge Mautner, todos no saudoso Cine Presidente, além de peças de teatros, dentre elas “O Homem que Virou Suco”. Tudo isto em paralelo com o famoso Sambão do DA das sextas-feiras após o cineclube. Foram feitas, também, várias passeatas, greves e manifestações em defesa da universidade.

Na Unesp, a situação evoluiu e o curso se tornou referência nacional, apesar dos vários percalços enfrentados no seu início. Resultado da luta de alunos, professores e direção objetivando a qualidade do curso. Ao obter meu título de Engenheiro Cartógrafo tive a grata satisfação de ser convidado para compor o Corpo Docente do Departamento de Cartografia, algo que aceitei com muita alegria e o fiz com muita dedicação.

Fiz mestrado no país, PhD e pós-doutorado no exterior, além da livre docência na Unesp. Tive a oportunidade de participar, juntamente com outros colegas, da criação do mestrado em Ciências Cartográficas e como coordenador desse programa, a aprovação do doutorado. Após minha aposentadoria em 2013, ingressei como pesquisador, abrindo novas possibilidades de pesquisas e orientações de alunos de Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado e Pós-doutorado.

Tive a oportunidade de estar presente em congressos, seminários e reuniões de trabalhos de projetos internacionais em mais de 30 países, bem como no Brasil, divulgando o nome da Unesp e de Presidente Prudente. Pesquisadores de vários países nos visitaram e puderam constatar a pujança da Unesp, em especial do curso de graduação em Engenharia Cartográfica e do curso de pós-graduação em Ciências Cartográficas.

Dentre os vários projetos, pequenos e grandes, que tive a oportunidade de coordenar, vale destacar o que estamos desenvolvendo no momento: o INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia) GNSS NavAer. Trata-se de um projeto aprovado dentro de uma das maiores chamadas de projetos de pesquisas no Brasil. Participam com a FCT/Unesp nada mais que INPE, ITA, IAE, PUC-Rio, UFRGS e o IFSP-Presidente Epitácio. No contexto de toda a UNESP, há apenas três INCTs aprovados, mostrando mais uma vez a relevância da FCT/Unesp para Presidente Prudente e região.

Parabéns Unesp, e que os desafios que a situação no momento nos impõem sejam mais uma vez superados, continuando com ensino público gratuito e de qualidade. Isto continuará propiciando oportunidades para outros “ajudantes de marceneiros”, tal como fui, ou em condições menos favorecidas, de obter um título acadêmico numa universidade pública de qualidade.

 

 

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