Escolha de profissão gera ansiedade, diz psicóloga

PRUDENTE - SANDRA PRATA

Data 13/11/2018
Horário 05:04
Arquivo Pessoal/Cedida - Elena começou curso de Geografia e trancou por não se identificar com a profissão
Arquivo Pessoal/Cedida - Elena começou curso de Geografia e trancou por não se identificar com a profissão

Prestando o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) pelo terceiro ano, Elena Marcela dos Santos Barbosa, 20 anos, agora espera conseguir pontos para ingressar no curso de Publicidade e Propaganda. Esta é a segunda vez que a jovem busca por uma graduação, já que iniciou Geografia no ano passado e trancou por “não se encaixar no plano de futuro que tinha em mente”. Perfis como o da estudante são comuns, segundo a psicóloga Luciana de Paula Alves. Nesta época, a maioria dos jovens se sente pressionada a escolher “a profissão e um rumo para o futuro”. Com isso, eles acabam percebendo que foram equivocados na escolha. O motivo, na maioria das vezes, provém da própria família, do círculo de amizades e, conforme expõe a especialista, serve de estopim para problemas de ansiedade.

De acordo com Luciana, a época de vestibular é para o jovem começar a pensar sobre a própria vida e os planos que pretende tirar do papel. Por isso, o segredo é pesquisar e não deixar que os anseios alheios se projetem nas próprias decisões. “Caso existam interferências externas nessa escolha, a pessoa pode vir a desistir do curso e pensar que não tem de fato um potencial quando, na verdade, só não teve tempo para pensar no curso ideal”, expõe.

Foi isso que Elena fez. De acordo com a jovem, hoje já está mais madura para reconhecer suas habilidades e os curso no qual se encaixa melhor. “Mas nesta época do ano tudo fica mais intenso. Há dois anos, quando prestei o Enem e vestibulares pela primeira vez, me senti totalmente pressionada de todos os lados, família e escola. Afinal, ninguém quer ficar para trás, não é? Tudo isso contribuiu para a escolha do primeiro curso, que hoje vejo que foi um erro”, revela.

É culpa dos pais?

De acordo com a psicóloga, na maioria das vezes o pais projetam nos filhos sonhos e objetivos que não realizaram, porém, isso não faz deles vilões. Conforme ela, deve existir diálogo e consciência de que cada um tem seus planos de futuro e não necessariamente são iguais aos esperados. “É importante que saibam respeitar e compreender as vontades dos filhos, além de orientá-los para que não carreguem o peso de possíveis escolhas erradas”, relata.

Esse é o caso dos pais da estudante Júlia Duran Martinez, 19 anos. Ela conta que está em dúvida entre Artes Visuais e Ciências Sociais e que, embora o pai não tenha gostado muito da ideia no começo, hoje tanto ele quanto a mãe a apoiam. “Mas as pessoas de fora estão a todo momento perguntando qual curso vou fazer e, quando falo, existe certo receio, porque não são cursos de ‘renome’, sempre esperam que eu queira Medicina, Engenharia, essas coisas”, expõe.

Sobre a prova que prestou neste ano, Júlia revela que achou cansativa e extensa, porém, embora espere conseguir uma vaga, não se culpa caso o resultado seja negativo. “Tento pensar que não é minha obrigação passar de primeira, todo ano tem vestibulares, é difícil manter a calma, mas é possível”, conta. 

SERVIÇO

O CIEE (Centro de Integração Empresa e Escola) oferece teste vocacional online e gratuito. De acordo com a instituição, o objetivo é fazer com que os estudantes se encontrem nas carreiras nas quais mais combinam. O teste possui questões para avaliação psicológica, com o objetivo de formular um perfil e, com isso, direcionar possíveis profissões. A experiência pode ser realizada pelo link http://www.ciee.org.br/portal/estudantes/temperamento/index.asp#.

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