Escola faz bate-papo entre autores da região e alunos

Instituição de ensino integral Professora Oracy Matricardi reuniu alunos do 6º ao 9º ano em roda de conversa com escritores; ação visa estimular a leitura dos educandos

VARIEDADES - SANDRA PRATA

Data 20/09/2018
Horário 05:15
José Reis: Evento contou com a presença de alunos do 6º ao 9º ano da escola
José Reis: Evento contou com a presença de alunos do 6º ao 9º ano da escola

Já dizia Monteiro Lobato, “quem mal lê, mal fala, mal vê”. Justamente para evitar que os alunos cresçam sem um incentivo à literatura, a Escola Estadual de Ensino Integral Professora Oracy Matricardi desenvolve o projeto “Bate-papo Com Autores”. Em sua 4ª edição na quadra esportiva da unidade, a iniciativa reuniu, durante toda a manhã de ontem, alunos de nove turmas do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e escritores da região.  O evento faz parte de um projeto desenvolvido pela disciplina de Língua Portuguesa e a Sala de Leitura desde 2015.

Entre os autores, está o estudante do 6º ano Heitor Vinícius Silva Bressan que, aos 12 anos, apresenta aos colegas seu primeiro livreto com 13 poemas autorais. Sentado ao lado de nomes da literatura regional como: João Carlos Pagliusi, Luiz Henrique Duran e Rubens Shirassu Junior, o menino brilha os olhos quando o assunto é colocar sentimentos no papel. “Eu me inspiro na minha vida. Sempre fui meio sensível com as coisas, gosto de expressar meus sentimentos e também de rimas, um dia juntei os dois e viraram poemas”, pontua.

Do outro lado, entre as crianças na plateia da quadra, estava a mãe de Heitor. Ângela Silva dos Santos, 34 anos, emocionada com “seu pequeno homem” fala da sensibilidade do menino e da visão de mundo que o mesmo possui.  “No ano passado, quando ele disse que escrevia poemas, achei que seria apenas uma fase. Mas, passamos por alguns problemas pessoais, e vi que foi no papel que ele encontrou uma forma de desabafar. Eu consegui compreender o que ele pensava por meio das coisas que escrevia”, relembra.

É para tornar histórias como a do Heitor cada vez mais comuns no ambiente escolar que a diretora Marta de Andrade Primo Mendes de Oliveira trabalha. Segundo ela, a instituição desenvolve o chamado “projeto de vida” que visa estimular as crianças a se desenvolverem em vários setores da vida, como profissional e ético cidadão. “A leitura, a escrita, enriquecem o currículo, mas não é só isso. A criança que lê tem uma outra visão do mundo. Se torna mais crítica, aprende a lidar e refletir sobre as situações da vida, e crescer é isso, não é apenas ter uma profissão, é constituir caráter, o dever da escola é auxiliar nisso”, frisa.

Escrevendo a vida

Por isso, a supervisora de ensino da escola, Patrícia Herreira, explica que não basta apresentar obras, mas sim fazer com que os estudantes adentrem o universo literário e mergulhem nas histórias. “São três etapas, a primeira é a seleção dos escritores da região, conhecem os trabalhos, estudam a biografia desses autores, leem os livros para se prepararem para o encontro, trocarem ideias e esclarecerem dúvidas. Depois disso, produzem seus próprios materiais inspirados por tudo que aprenderam”, explica.

 

“A leitura, a escrita enriquecem o currículo, mas não é só isso. A criança que lê tem uma outra visão do mundo, se torna mais crítica, aprende a lidar e refletir sobre as situações da vida. E, crescer é isso”

Marta de Andrade Primo Mendes de Oliveira,

diretora da escola

 

O escritor prudentino convidado, Rubens Shirassu Júnior, visita pela primeira vez a escola. Na bagagem traz sete livros publicados e uma experiência de 38 anos no ramo. Conforme ele, a base para qualquer autor iniciante é o autoconhecimento. “Quero fazer com que eles se sintam motivados a entenderem quem são e quais os papéis que possuem no mundo, isso é essencial para qualquer ser humano, só assim que saberão expressar o que sentem e se comunicarem com a sociedade”, acentua.

Luiz Henrique Duran, 51 anos, é professor e autor. Na ocasião, trouxe seus poemas para que as crianças se apropriem da linguagem poética. De acordo com ele, essa proximidade com a leitura foi primordial para seu desenvolvimento enquanto profissional. “Me descobri com os livros, cursei Letras sempre buscando muito sobre o assunto, gosto de compartilhar isso para motiva-los a ler e, quem sabe, se encontrarem”, explana.

Frutos colhidos

Segundo a responsável pela Sala de Leitura da escola, Luci Mara Colete, o aumento pela busca de livros já chega a 80% dos estudantes. “Quando começamos, em 2015, o índice de procura era muito baixo, eles começaram a se interessar depois de ter contato com escritores”, denota. Entre os gêneros preferidos da criançada, ela destaca as obras de ficção. 

Amanda Pereira dos Santos é uma dessas apaixonadas pelas histórias ficcionais. A estudante do 7º ano tem 12 anos e participa pela segunda vez do bate-papo. Conforme ela, não gostava muito de ler e via na atividade um teor de obrigação. Porém, depois do primeiro contato com o universo literário, esse sentimento mudou de figura. “Comecei a frequentar a Sala de Leitura, nunca tinha parado para pensar em como ter cultura é importante”, ressalta. A jovem está no meio da leitura da trilogia “A Seleção” da autora norte-americana Kiara Cass. 

 

 

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