Entreouvido na rua

O Espadachim, um cronista de direita quando entra à direita e de esquerda quando entra à esquerda

OPINIÃO - Sandro Villar

Data 03/04/2020
Horário 05:01

Todos sabem: a quarentena divide opiniões, muitos a favor e também muitos contra essa medida que a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o Doria, no caso do Estado de São Paulo, consideram essenciais para conter o avanço da Covid-19, a pneumonia causada pelo coronavírus. Tem gente que não aguenta mais ficar em casa. É compreensível!

Ainda bem que o bom humor dá as caras nessas horas. Há o vídeo de um sujeito que responde a uma pesquisa. "Alternativa A: o senhor prefere ficar em casa com a mulher, os filhos e a sogra?", pergunta a pesquisadora.

Ela prossegue e ao mencionar "Alternativa B" é abruptamente interrompida pelo cara: "Alternativa B", responde, sem querer saber detalhes sobre o que a alternativa B propõe. No fundo e no raso, é mais uma piadinha de mau gosto detonando a coitada da sogra, essa figura tão querida.

Na Avenida Ana Jacinta, três mulheres, com mais de 60 carnavais nas costas (não quero chamá-las de idosas), estavam "uma arara" com o Doria, que andou piscando pro Lula. A mais falastrona "rodou a baiana, a pernambucana e outras brasileiras". "Na semana que vem vou reabrir a minha loja", ameaçou.

Outra componente do trio perguntou alto e bom som: "Morreremos de fome ou de doença?", também sinalizando que não aguenta mais ficar com seu comércio parado.

Também na mesma avenida, esquina com a Rua das Palmeiras, o cronista conheceu o ambulante Anderson. Franzino e mais triste do que moda de viola antiga, ele disse que espera dias melhores. "Está difícil! Vendo doces e salgados", explicou. "Meus bolos de cenoura e de laranja têm pouco açúcar e são deliciosos. O senhor não quer experimentar?", perguntou. Não experimentei porque o Anderson ainda não aceita cartão.

Dentro de um supermercado, um freguês grandalhão, com rabo de cavalo, não fazia questão de respeitar a distância de pelo menos um metro entre os clientes. O sujeito preferiu levar na gozação e "esculhambou" o coronavírus. "Esse vírus não "pega" bêbado. Eu vou encher a cara com pinga da boa", brincou.

Em outro ponto do bairro, dois sujeitos bem "alegrinhos" tomavam cachaça sentados na calçada. Foi aí que apareceu um amigo da dupla. "Cidão, ocê chegou na hora certa. Toma logo um gole", disse um deles, entregando a garrafinha ao amigo. Formou-se um trio. Os três pareciam satisfeitos, a julgar pelas sonoras gargalhadas que davam em plena pandemia. Talvez seja melhor mesmo não levar a vida tão a sério.

DROPS

Lula e Doria juntos na guerra contra o coronavírus e Carlucho declara guerra à dupla.

Nas Filipinas, o "presidente" Rodrigo Duterte ameaça matar quem desrespeitar o isolamento. Nenhuma surpresa: Duterte tem instinto assassino.

A catarata diminuiu. Em Foz do Iguaçu.

Malafaia diz que a quarentena é uma farsa. E esse vendedor de ilusões é o quê?

Publicidade

Veja também