Entes federados devem se organizar para viabilizar retomada de transporte

EDITORIAL -

Data 19/05/2018
Horário 11:31

Algo inédito aconteceu neste ano: existem 23 pessoas na fila de espera por uma córnea, sendo dados do Banco de Olhos da Santa Casa de Misericórdia. Até então, os dados de captações cresciam a cada ano. Em 2016 foram 21 captações, sete a menos do que 2017. Só que neste ano, nos primeiros quatro meses do ano, só ocorreram seis desses procedimentos - uma queda de 75%, conforme noticiado hoje por este diário. Já o total de transplantes apresentou um recuo de 57,14%, passando de sete para três procedimentos cirúrgicos no intervalo de tempo destacado.

A razão, conforme a unidade responsável pelo trabalho, é a dificuldade no transporte dos órgãos, visto que, desde o começo do ano, a Polícia Militar Rodoviária deixou de transportar as córneas para Prudente e outras cidades da região, o que refletiu na formação de uma espera após muito tempo de “fila zerada” na Santa Casa. Em nota, o Estado se manifestou informando que nenhuma lei determina que esse transporte seja de sua responsabilidade, acrescentando que a central da Polícia Rodoviária Federal está realizando estudos técnicos para viabilizar uma nova alternativa de transporte na região.

Independente de quem é a responsabilidade, no que diz respeito a entes federados, não é tolerável que os órgãos fiquem “disputando culpa” por este fato, ao invés de procurar uma resolução efetiva para o mesmo. Estamos falando de pessoas que deixam de receber importantes órgãos e de doações que são inviabilizadas pela ausência do transporte. Não é tolerável que situações como essa ocorram, seja lá quais forem os motivos (os quais sequer foram informados), visto que a saúde e a qualidade de vida de muitos depende dos transplantes.

A saúde pública é prioridade e sabe-se da dificuldade em conscientizar as pessoas e levá-las a reconhecer a importância da doação de órgãos. Quando finalmente, por um trabalho humanizado das unidades, essa barreira começa a ser rompida, o trabalho não pode ser repentinamente descontinuado por falta de estrutura. É importante que União, Estado e município se unam para uma resolução célere para a ausência de transporte, destinando recursos, efetivo de pessoal e o que mais for necessário.

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