Empresário prefere moldar funcionário, expõe setor varejista

De acordo com pesquisa, 24,5% das pessoas contratadas entre 2013 e 2017 conseguiram uma colocação em estabelecimentos deste segmento

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 14/06/2018
Horário 04:20

Em Presidente Prudente, o comércio varejista responde pelo segundo maior número de admitidos sem experiência profissional. De acordo com pesquisa divulgada pela Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), em parceria com o Sincomércio (Sindicato do Comércio Varejista de Presidente Prudente e Região), 24,5% das pessoas contratadas entre 2013 e 2017 conseguiram uma colocação em estabelecimentos deste setor. A apresentação ocorreu na manhã de terça-feira, no Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).

De acordo com o assessor econômico da entidade estadual, Jaime Vasconcellos, uma justificativa para este cenário é que os empresários do ramo costumam considerar, muito mais do que a experiência, as características inerentes ao ser humano e as suas potencialidades enquanto funcionário, como uma boa comunicação e traquejo, polivalência, disponibilidade de horários, capacidade de trabalhar em equipe e paciência no trato com o grupo.

Jaime defende que, embora tais aspectos sejam otimizados com a experiência, não dependem dela para existir. Além disso, salienta que muitos contratantes preferem admitir alguém novato, a fim de que seja moldado conforme a filosofia, mercadoria e público-alvo do estabelecimento, do que outro que carrega vícios desenvolvidos em outros ambientes de trabalho, o que exigiria esforços maiores para eliminá-los.

Função social

Para o assessor econômico, a força do varejo em viabilizar vagas de primeiro emprego possui não só função econômica, como social, uma vez que a geração de renda também está voltada para pessoas que ainda não haviam tido acesso ao mercado. Acesso este que ocorre, sobretudo, durante períodos sazonais, que incluem Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia das Crianças e Natal, data responsável por elevar as vendas em 30% com relação a outras épocas do ano.

Para dar conta do crescimento da demanda, é comum que os empresários façam a contratação de temporários – que se configura no momento mais oportuno para uma colocação no comércio. A alta substituição da mão de obra presenciada neste segmento também contribui para a efetivação, já que pode haver a troca de funcionários.

Jaime pondera que o segundo semestre é o principal momento para se pensar em uma vaga no comércio, tendo em vista que é quando as comercializações começam a crescer. E, ainda que o varejo seja um setor de transição e marcado por alta rotatividade, acredita ser um ramo importante para o fortalecimento de renda em períodos de recessão econômica como aqueles vivenciados recentemente.

O presidente do Sincomércio, Vitalino Crellis, diz que, atualmente, a legislação permite que os estabelecimentos contratem até dois menores aprendizes, o que, além de ser uma opção de contratação mais econômica, permite que os jovens tenham a possibilidade de aprender e crescer profissionalmente e até mesmo conquistar uma colocação fixa no mercado futuramente.

“Tiro no escuro”

A gerente da loja Vera Calçados, Nadia Lopes, é um exemplo de que, para o comerciante, a experiência nem sempre é o requisito principal. Em sua opinião, contratar pessoas que nunca estiveram no mercado pode trazer bons resultados, assim como a admissão de funcionários experientes pode não corresponder às expectativas do estabelecimento. “Qualquer contratação é um tiro no escuro, pois até mesmo quem já possui anos de trabalho pode não ter um rendimento esperado. Isso depende muito do empenho e dedicação do profissional e penso que cabe a nós, comerciantes, permitirmos que os novatos tenham a oportunidade de ser inclusos no mercado”, pontua.

                                                               Fotos: José Reis

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