Em um baú de recordações, memórias de martinopolenses viram livro com 93 crônicas

Obra do jornalista e historiador José Carlos Daltozo traz 93 relatos de vivências interessantes no município, dentre eles os cinemas de rua, os bailinhos, e a linha ferroviária

VARIEDADES - SANDRA PRATA

Data 18/07/2018
Horário 06:00
Cedida - O lançamento em 25 de maio do ano passado foi um sucesso entre os amigos colaboradores
Cedida - O lançamento em 25 de maio do ano passado foi um sucesso entre os amigos colaboradores

“Se eu perder esse trem que sai agora às onze horas, só amanhã de manhã”, o trechinho da famosa música de Adoniran Barbosa faz menção a um dos principais resquícios de memória histórica da região: o trem de passageiros! E este é um dos temas abordados no livro “Crônicas Martinopolenses” de autoria do jornalista e historiador José Carlos Daltozo, que e ao lado de outros assuntos marcantes traça um singelo e fiel cenário dos velhos tempos do município de Martinópolis (SP).

Ao todo, segundo o autor a obra que levou oito meses para ser concluída, reúne 93 crônicas, resultado da colaboração de outras 75 pessoas que, assim como ele, são apaixonadas por duas coisas: o lar de 24 mil habitantes e o carinho imensurável pela escrita. O lançamento em 25 de maio do ano passado foi um sucesso entre estas pessoas.

Dos 12 livros já lançados em sua vida, Daltozo relata que este é o primeiro a conter exclusivamente textos e, por isso, buscou dentro do perímetro da cidadezinha pessoas que se simpatizassem com a iniciativa.

“Enviei vários e-mails, anunciei no jornal, deixei aberto para a população e deu resultado. Comecei a receber muitas ligações. Às vezes estava no meio do dia quando o celular tocava e era alguém que tinha lido o anúncio no jornal local dizendo: ‘Seu Daltozo, vi o anúncio tenho a história dos meus pais que estudavam nas escolas rurais, gostaria de contar’, e foi assim, de ligações em ligações que as páginas do ‘baú de recordações’ foram sendo escritas.

Reflexos da evolução

Datozo adentrou as terras martinopolenses com sua família em 1978 e desde então não se mudou mais. De acordo com ele, são visíveis as mudanças que a evolução tecnológica trouxe para a cidade, e em seu livro, aborda diversos pontos que deixaram de existir.

Entre eles é possível destacar os cinemas de rua, os bailinhos, e a conhecida linha ferroviária. “Hoje é tudo eletrônico, moderno e rápido, antes as pessoas não tinham celular, não tinham TV, então saiam para as ruas, para convidar um amigo para sair tinham que ir até a casa dele, hoje basta mandar uma mensagem pelo celular...”, acentua.

Justamente essa aproximação necessária trouxe o início do principal entretenimento da época, os bailinhos, ou seja, reuniões na casa dos amigos embaladas ao som de discos de vinil em pequenas vitrolas.

“No clube também tinha baile toda semana! Algumas coisas ainda existem, mas vão morrendo aos poucos. Os jovens de hoje se divertem pela facilidade, muito mais opções de coisas para fazer. Antes, não era assim”, lamenta.

Daltozo lamenta o desaparecimento dos cinemas de rua, porque apesar de hoje ainda ser um passatempo popular, os cinemas de shopping nem de longe se comparam a magia de assistir filmes como era antigamente.

O tempo voa

Sobre o meio de transporte conhecido - mas nem um pouco prático - o escritor relata que na região a volta dos trens de passageiros só deveria acontecer se passasse por uma reformulação. “Na época você pegava um trem para São Paulo e levava 16 horas no trajeto, hoje ninguém vai trocar um carro, ônibus ou avião que faz isso em menos tempo. Defendo a volta dos trilhos, todavia, apenas para cargas. Afinal, o que deveria mesmo voltar era as movimentações do clube local. “Antes tinha bailes, era ativo, tinha festa de São João na represa todo 24 de junho, hoje não tem mais nada disso o clube desapareceu e os bailes não existem mais”, salienta.

Pós e contras

No ponto de vista do historiador, os jovens de hoje têm uma diversão mais eletrônica, tecnológica. Muita gente fica em casa para ver televisão, jogar videogame, ver filmes e séries. Isso, querendo ou não, fez com que a comunicação perdesse pontos na escala de interação social e fortificação de laços afetivos. “Em contrapartida, antes não tinha nem metade das distrações de hoje, tem muita coisa para fazer, lugares para ir com a família e os amigos, como pizzarias, barzinhos, antes era uma sorveteria e olhe lá. Em outras palavras, não falta o que fazer, falta aproveitar as oportunidades oferecidas”, destaca o escritor.

Cedida - Segundo Daltozo, dos 12 livros lançados, este é o primeiro com conteúdo exclusivo de textos

“Hoje é tudo eletrônico, moderno e rápido, antes as pessoas não tinham celular, nem TV, então saiam para as ruas, para convidar um amigo para sair tinham que ir até a casa dele, agora basta mandar uma mensagem”

José Carlos Daltozo

jornalista e historiador

QUEM JÁ LEU O LIVRO DIZ:

"O que dizer desse livro? Simplesmente uma volta ao passado! Leitura simples e cativante...Vale a pena ler!" Rosângela Daré (São Paulo - SP)


 "Uma leitura deliciosa, muito agradável e diversificada. Mesmo eu que saí de Martinópolis com 26 anos, em 1967, me surpreendo com algumas revelações que me remetem ao passado, a um tempo maravilhoso, uma nostalgia gostosa. Estou satisfeitíssimo com o resultado, considere o objetivo plenamente atingido." - Jair Genaro (Rio Claro - SP

"Recebi, impressionado, o livro "Crônicas Martinopolenses" que você com zelo e critério soube organizar com a participação de tantos autores da terra adotada pelo seu coração. Parabéns Daltozo! Martinópolis continuará sua devedora, pois iniciativas como esta, neste país culturalmente empobrecido, felizmente ainda florescem graças às luzes que norteiam intelectos privilegiados como o seu." - Gesiel Júnior (Avaré-SP)


"Não conheço outra cidade da região com tantos registros históricos. Devemos isso ao seu belo trabalho. Parabéns! " - João Carlos Rodela Canisares (Presidente Prudente - SP)


"Esse livro de crônicas foi, para mim, um presente, ele me levou ao fundo das minhas memórias, pude novamente caminhar nas ruas por onde passei a infância e juventude, e por fim, me vi na estrada chegando na Represa, onde uma parte de mim ainda lá habita" Alceu Araújo (São José dos Campos - SP)


"Realmente esta coletânea salta aos olhos. Muitas curiosidades vieram à tona". - Alfredo Schmidt Júnior (Martinópolis-SP)


"Livro muito bom, estilos diferentes e com criatividade. Revi amigos do passado, estou matando saudades. Ótima ideia a publicação desse livro, já estou esperando o volume dois" - Eliud Feltrim (São Paulo - SP)


"Excelente idealização deste livro, deliciosa leitura, pois encontramos variados estilos além, e principalmente, onde reencontramos amigos tão queridos!. Creio que muita coisa ainda pode ser dita, quiçá em um segundo volume. Este primeiro tocou fundo nosso coração". Helena Carolina Martins Marrey (Presidente Prudente-SP)


"Li integralmente seu novo livro, fiquei impressionado com a qualidade literária de muitas das crônicas. Alguns dos relatos provocaram-me uma imensa saudade dos singelos e puros momentos da minha infância e adolescência em Mogi das Cruzes, onde presenciei, participei e vivi momentos semelhantes." - Jorge Cocicov (Ribeirão Preto-SP)

 

LIVROS DE JOSÉ CARLOS DALTOZO:

“Martinópolis sua história e sua gente”

“Banco do Brasil – 50 anos em Martinópolis”

“Álbum Histórico e Fotográfico de Martinópolis”

“Cartão-Postal Artes e Magia”

“Loja Maçônica 3 de Maio – 60 anos”

“Um Novo Amanhã”

“60 Anos Semeando Conhecimento”

“Fazenda São José”

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