Em exposição, Apea recorda legado de Bottosso com suas obras

Para preservar trajetória do pintor na cultura regional, família selecionou 14 de suas telas para apreciação do público até 2 de setembro

VARIEDADES - SANDRA PRATA

Data 08/08/2018
Horário 05:15
Marcio Oliveira - Traços fortes do movimento impressionista marcam obras produzidas pelo Divino Mestre
Marcio Oliveira - Traços fortes do movimento impressionista marcam obras produzidas pelo Divino Mestre

Os tais laços artísticos de um homem chamado José Bottosso nasceram em 1950 quando iniciou seus estudos na Escola Belas Artes de São Paulo. Ele nem imaginava que se tornaria o “Divino Mestre” e ao falecer – há seis anos – deixaria um legado inserido na cultura de Presidente Prudente. Imortalizado pela premiada crônica do também artista plástico Erivaldo Santos, o Vadinho, e homenageado por diversas pessoas enquanto ser humano, professor e artista, mais uma vez Bottosso tem sua história relembrada em uma exposição denominada “Mãos que descansam sobre tela”, que fica na Galeria Passarela das Artes da Apea (Associação prudentina de Esportes Atléticos) até o dia 2 de setembro.

Ao todo, 14 telas que fazem parte do acervo da família poderão ser apreciadas pelos amantes da bela arte.

A exposição é uma realização da musicista e matriarca da família, Maria Apparecida Memari Bottosso, mais conhecida como dona Cida, em parceria com Elias Ferreira, responsável pela produção e, pelo coordenador de cultura da Apea, Vadinho, na curadoria.

“A mostra engloba duas comemorações: seis anos da crônica ‘Divino Mestre Bottosso’ e o aniversário do nosso Bottosso, que completaria 87 anos, no dia 12 de agosto. Esta é a quarta exposição em homenagem a obra ‘botossiana’, com pinturas que retratam as viagens do artista por Estados como Rio de Janeiro [RJ], Minas Gerais [MG], entre outras com traços de seu movimento preferido, o impressionismo”, expõe Vadinho.

Sendo a última pessoa a conversar com José Bottosso ainda em vida – tirando daí inspiração para escrever -, Vadinho destaca que a escolha do nome da mostra deu-se ao fato de que embora não esteja mais entre nós, o pintor deixou uma trajetória sólida.

Uma das principais memórias deixadas foi a caminhada sacra pelas paróquias de Prudente onde deixou estampada em suas paredes pinceladas de seu dom.

“A ideia da exposição é imortalizar a história e trabalho desse artista que muitas vezes passa despercebido pelo conhecimento da maioria, principalmente das novas gerações. O que ele deixou merece ser lembrado sempre! As pessoas não podem esquecer o que é cultura, e ele retrata muito bem isso. Esse é o objetivo, manter vivo o marco que ele representa para a arte da cidade, região e também internacionalmente”, completa o curador.

Memória viva

O produtor cultural Elias Ferreira, 54 anos, que é amigo da família Bottosso há 33 anos, se alegra em estar envolvido coma a exposição. Segundo ele há dois anos vem lutando com dona Cida pelo reconhecimento merecido pelo trabalho de Bottosso.

“A evolução tem sido gradativa. É só olhar as várias igrejas de Prudente que contam com suas pinturas. Até pouco tempo ninguém sabia. Na Catedral, por exemplo, somente agora foi colocada uma placa com o nome do Bottosso, o que foi uma vitória para a família. Mas a caminhada ainda é grande para o reconhecimento merecido. Essa é a meta da exposição, não deixar o legado morrer. É nosso dever homenagear artistas que de alguma forma contribuíram com a cultura local”, frisa Elias.

Entre as memórias que guarda de José Bottosso ainda em vida, o produtor cultural o classifica como um palhaço incurável, uma vez que vivia feliz, sorrindo e fazendo brincadeiras. “Ele sempre foi muito engraçado, não tinha como não rir, era espontâneo, algo dele, que nascia de dentro”, explana.

Humano e artista

Ao ser questionada sobre as melhores lembranças que têm do marido enquanto ser humano, Cida, aos 87 anos, se alegra ao dizer que não pode elencar uma lista uma vez que todos os momentos de sua vida ao lado de José foram maravilhosos. Ela, que conheceu o pintor ainda aos 14 anos, o classifica como sensível e extremamente carinhoso. “Às vezes eu até brincava, dizia para ele me largar um pouco por que não nascemos grudados, ele me olhava e dizia ‘nascemos, sim’ [risos]”, rememora.

A história de amor começou, conforme ela, quando ambos partiram para São Paulo. Ele começou a cursar Belas Artes e ela música na USP (Universidade de São Paulo) e, aos poucos, construíram uma família que ela define como “felicíssima”. “Deus o tirou de mim, mas agradeço o tempo em que esteve presente em minha vida”, pontua.

Enquanto artista, a mulher relata que o marido tem afinidade com a arte desde os 11 anos e que sempre encontra com pessoas que prestigiaram sua vida na arte. “As pessoas elogiam até dizer chega [risos], por isso enquanto eu puder, jamais vou deixar que a pessoa dele seja esquecida, sempre vou lutar para preservar a história dele”, enfatiza a viúva.

Simplesmente José

José Bottosso que faleceu em 2012 foi um respeitado professor de desenho geométrico em escolas estaduais e particulares de Prudente. Além disso, lecionou pintura durante muitos anos no Conservatório Musical Maestro Julião. Grande admirador do pintor impressionista holandês Vicent Van Gogh, Bottosso aprimorou suas técnicas no movimento dos traços fortes na escola Durval Pereira e Collette Pujol, estudou técnicas de escultura na escola Vicente Laroca e Júlio Guerra.

Entre as mensagens que sua obra passa, é possível destacar paz, realismo e plenitude já que seus traços são simples e sinceros.  Bottosso possue quadros em vários países como Bolívia, Uruguai, Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra, França e diversas regiões do Estado de São Paulo. Esteve em 189 exposições com outros artistas, 35 individuais e mais de 19 premiações.

“A ideia da exposição é imortalizar a história e trabalho desse artista que muitas vezes passa despercebido pelo conhecimento da maioria, principalmente das novas gerações”

Vadinho

artista plástico

 

Serviço

A exposição “Mãos que descansam sobre tela” ficará aberta ao público até dia 2 de setembro na Galeria Passarela das Artes da Apea, localizada na Avenida Coronel José Soares Marcondes, 601, Presidente Prudente.

Marcio Oliveira - Ao todo, 14 telas de Bottosso estão expostas na Galeria Passarela das Artes, na Apea, até dia 2 de setembro

 

 

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