Na noite de quinta-feira, nas redes sociais, era possível ver anúncios em diversas cidades brasileiras, sinalizando um protesto para a manhã de ontem, em forma de carreata, solicitando a reabertura dos comércios. A situação se cumpriu, em algumas localidades, com reflexos também na região. Foi possível ver, ao menos, manifestações em Martinópolis, Presidente Prudente e Santo Anastácio.
Nas publicações estavam marcadas para que as carreatas ocorressem, cada qual em sua cidade, às 12h. E assim se fez. Fotos e vídeos nas redes sociais, e o próprio som que vinha da rua, marcou o protesto, que solicitava a volta ao trabalho das lojas que compõem o comércio. A solicitação desencontra com a recomendação feita pelo decreto estadual, alguns municipais e do Ministério da Saúde, que pede pela quarentena e o isolamento social, a partir do fechamento dos estabelecimentos, a fim de evitar aglomerações e, assim, auxiliar no combate à transmissão do novo coronavírus, o Covid-19.
A reportagem não conseguiu contato com as organizações dos eventos nas demais cidades, no entanto, em um dos exemplos, o presidente da Associação Comercial de Martinópolis, Joel Aparecido Guedes da Silva, disse que a ação vem com a importância de reafirmar que o comércio precisa produzir, com a intenção de não gerar desemprego, crise econômica e “para que todos possam pagar suas contas, seus impostos”, a fim de que o poder público não fique sem dinheiro para lidar com a situação.
Joel ainda afirma que os que pertencem ao grupo de risco “devem ficar em casa”, e que os mais novos devem voltar a trabalhar. Tal atitude, segundo ele, vai evitar um colapso econômico e, consequentemente, na saúde, para que futuramente não precise lidar com “dois problemas”.
PREFEITURAS
E O DECRETO
Na manhã de ontem, durante a reunião com lideranças para discutir novas medidas para enfrentamento da pandemia, o chefe do Executivo de Prudente, Nelson Roberto Bugalho (PSDB), expôs que, embora o município esboce mecanismos a fim de atender aos anseios dos representantes do comércio local, o decreto do governo do Estado, que determina quarentena até 7 de abril, não permitiria que as lojas fossem reabertas antes da data.
“Hoje, nenhum prefeito do Estado pode liberar nada. Se o fizer, estará cometendo crime de desobediência. A responsabilidade da abertura do comércio como querem hoje não depende do prefeito”, ressalta Bugalho. Em um dos momentos, ele chegou a opinar que seria uma ideia o governo estadual mapear as RAs (Regiões Administrativas), a fim de tomar decisões para cada uma. “A nossa tem 53 municípios, o que mudaria as decisões. São Paulo é outra realidade e tomar uma decisão pela capital não significa os mesmos efeitos aqui”, complementou o deputado estadual Ed Thomas (PSB), presente no encontro.
O prefeito de Martinópolis, Cristiano Macedo Engel (PV), também sinalizou que concorda com a reativação do comércio. A reportagem não conseguiu falar com ele após tentativas, mas o próprio presidente da Associação Comercial da cidade encaminhou um áudio com o posicionamento. Na ocasião, o chefe da administração municipal fala sobre reabrir o comércio “com segurança”, pois a preocupação com a doença deve existir, sim, ainda de acordo com ele. Ao final, Cristiano menciona que contatará a Promotoria local para verificar o que pode ser feito, já que reafirma a impossibilidade do retorno, em vista do decreto estadual.