Educação mais digna depende de maior engajamento dos setores

EDITORIAL -

Data 12/05/2018
Horário 11:52

Nos últimos dias a história de Stheffany Rafaelly da Silva, de 11 anos, que passa seus dias ensinando os amigos em um beco da comunidade de Roda de Fogo, na Zona Oeste do Recife, emocionou aqueles que puderam acompanhar. Após uma brincadeira que se tornou realidade, a garota voluntariamente dá aulas de reforço escolar a outras crianças da região, e crava: “Quero fazer faculdade para ser professora, primeiro, para dar aula de tudo. Depois, só de matemática, porque é o que eu mais gosto”. O gesto da menina inspira e traz esperança de um futuro com uma educação mais digna no país, e também remete a um quesito imprescindível para que esse tempo chegue: o retorno do amor e do prazer pelo educar.

Na edição de ontem deste impresso, ao contrário do que vimos no Recife, um exemplo de como não deve ser a educação foi dado pela EE (Escola Estadual) Marechal do Ar Márcio de Souza e Mello, localizada no Parque dos Pinheiros, em Álvares Machado. No local, como é comum em quase todas as unidades escolares das redes estadual e municipal de ensino, alunos sofrem com a falta de professores substitutos e com o elevado número de aulas vagas.

E isso por uma junção de fatores. Pela omissão do Estado, por conta da já conhecida desvalorização dos professores, sobretudo os da chamada categoria O, que são aqueles contratados em caráter temporário e que, embora realizem as mesmas funções dos docentes concursados, não gozam dos mesmos direitos, principalmente quanto à estabilidade. Mas também pelos próprios professores efetivos, que muitas vezes, devido a estabilidade do cargo, “abusam” do direito de se ausentar do trabalho.

Há também, obviamente, a parcela de culpa dos próprios beneficiados com o serviço, os alunos e suas famílias, que por vezes pouco se importam com a situação, sem reivindicar seus direitos e cumprir seus deveres. E, como resultado, temos o lamentável cenário encontrado na Marechal do Ar Márcio de Souza e Mello.

Como se vê, a culpa pela atual conjuntura da educação pública no país não é de ninguém, é de todo mundo. Logo, para que seja revertida, é necessário que todos se coloquem em seus devidos lugares e cumpram com aquilo que lhes foi proposto. É necessário um engajamento maior de todos os setores envolvidos, ou seremos engolidos pela nuvem negra que se aproxima. Que nasçam novas Stheffanys nos governos, na docência, nas salas de aula e pelos becos do Brasil.

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