Nascida no distrito de Montalvão, cuja grafia de origem é Mont´Alvão. Criada na Vila Marcondes, na zona leste de Presidente Prudente. Formada em Letras na Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Assis, onde fez mestrado e doutorado. Professora do ensino básico em Álvares Machado, Santo Anastácio e Piquerobi. Docente pesquisadora e extensionista nos campi da Unesp em Assis e Prudente, e na Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), a instituição na qual ocupou os cargos de pró-reitora de pesquisa e pós-graduação e pró-reitora de extensão e ação comunitária.
Autora de vários livros e artigos científicos. Militante contra a ditadura e pela retomada da democracia no país. Engajada nas Diretas Já, discursou em praça pública ao lado de Ulisses Guimarães. Atuante na política partidária, eleita como a primeira mulher vereadora e presidente da Câmara de Anastácio, cidade na qual foi vice-prefeita e ocupou, interinamente, a chefia do Executivo. Ativista social em prol de causas públicas, como a do movimento sobre praças de pedágios na Rodovia Raposo Tavares (SP-270).
Tudo isso que não é o todo da Dra. Maria de Lourdes Zizi Trevizan Perez, ou simplesmente Zizi Trevizan, faz jus a sua expertise em semiótica: a ciência de todas as linguagens. É alguém que transita em diferentes áreas do conhecimento. Tem postura, educação refinada e poder de comunicação: se faz entender facialmente por letrados ou não, sendo didática ou não. Curte a zoeira dos netos e demais familiares, tendo como motivo principal as suas distrações, tipo esquecer um objeto que tenha posto fora do lugar.
Para ela, a razão de ensinar, pesquisar e disseminar conhecimentos reside na contribuição para a construção de um mundo com mais qualidade humana. Algo que está em suas raízes, lá de Montalvão, onde nasceu em janeiro de 1948. Sua origem vem de famílias italiana e francesa, respectivamente dos avós paternos Étori Trevizan e Luiz Terin, como pronunciam os brasileiros, mas que em francês seria Terran. Os Trevizan vieram da região de São José do Rio Preto para trabalhar na lavoura e Cazemiro casou-se com Luiza Terin.
Quando Zizi e sua irmã Maria Aparecida ainda eram crianças, a família mudou-se para a Vila Marcondes. Cazemiro montou armazém e deu às filhas o melhor estudo possível, o que ocorreu no semi-internato do Colégio Cristo Rei. Porém, Zizi foi alfabetizada na Escola Dr. José Foz pela professora Jovita Terin, que atualmente é nome de escola no bairro Brasil Novo. Sua formação superior foi em Assis, sendo que ao terminar teve a oportunidade de duas bolsas de estudos no exterior, na França ou na Espanha.
ESCOLHA CERTA
Porém, fez outra escolha: o agropecuarista descendente de espanhol, Luiz Carlos Peres Vieira, de Anastácio, com quem está casada há mais de 50 anos. A carreira da Dra. Zizi Trevizan no magistério foi iniciada 1970, aprovada em dois concursos do Estado. Em 1979, ingressou no mestrado e, no ano seguinte, passou a lecionar no ensino superior, atuando desde então como pesquisadora. São 49 anos de docência e 39 de produção científica. Lecionou na Unesp em Assis e Prudente até se aposentar em 1995, mesmo ano de seu ingresso no Programa de Mestrado em Educação da Unoeste, onde permanece.
Sua produção científica é intensa e pode ser vista na Plataforma Lattes: orientações e avaliações de trabalhos de mestrado e doutorado, publicações de artigos em importantes periódicos de universidades públicas e particulares, participação em grupos de pesquisa na Unoeste e na Unesp, conferências em eventos, palestras acadêmicas e comunitárias, produção de livros, entre os quais: A Reta Artística de Clarice Lispector, O Texto é Pretexto: Leitura e Redação na Sala de Aula, As Malhas do Texto: escola, literatura e cinema, e O Leitor e o Diálogo dos Signos.
A Dra. Zizi Trevizan mantém estreitas relações com as artes e isso vem desde o curso clássico (ensino médio) e das aulas de piano no Conservatório Maestro Julião. Na adolescência e na juventude adquiriu gosto por músicas italianas, francesas e brasileiras. Na semiótica, as artes estão presentes na interpretação de pinturas, esculturas, desenhos, obras literárias, ilustrações e o cinema nas suas múltiplas linguagens. Entende a arte como fundamental por permitir uma subjetivação do sentido da realidade, o que leva as pessoas a aprofundarem suas relações, mais reflexivas e críticas sobre a vida.
São seis anos de dedicação à pesquisa sobre educação e autismo, preocupada com a formação de professores e profissionais da saúde, para terem condições de atuação no ensino e em tratamentos clínicos. Já são dois artigos publicados e está preparando o terceiro sobre os modos de construção cultural do psiquismo e da linguagem de crianças e jovens com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo). Os estudos mostram que o ensino para os autistas não pode ser limitado ao modelo da lógica tecnicista e empirista; pois, como qualquer pessoa, o autista necessita de relações interpessoais e interculturais.
GESTÃO PÚBLICA
Na política, a Dra. Zizi Trevizan foi vereadora e presidente da Câmara de Anastácio, tendo sido pioneira regional na formulação de lei para o fim da aposentadoria precoce de vereador, apenas com duas legislaturas. Foi em Prudente que foi a primeira a discursar após a fala do deputado federal Ulisses Guimarães, o “Senhor Diretas”. Foi vice-prefeita em Anastácio e, na ausência de Roberto Volpe, comandou a Prefeitura por 16 dias. O suficiente para novo aprendizado em gestão pública e para entrar na história como a primeira mulher a ocupar o cargo na cidade.
Para quem lutou por um país melhor, ao lado de lideranças como a deputada estadual Ruth Scobar, é decepcionante fazer uma análise sobre a conjuntura atual brasileira, por dois motivos: o processo de corrupção orquestrada e continuada; e os deslizes verbais e comportamentais que comprometem a ética e a eficiência na comunicação institucional. Embora filiada ao PPS, deixou de ter atuação política, mas mantém a posição ideológica de socialdemocrata.
Inquieta e comprometida, adepta à formação do espírito crítico e avessa ao radicalismo, defensora da humanização do ser humano, a Dra. Zizi Trevizan defende a tolerância entre as diferenças ideológicas para garantir a estabilidade social. Mesmo com tantas ocupações e preocupações, tem tempo para se dedicar ao esposo Carlos, aos filhos, às noras, genros e netos. Os filhos: agropecuarista Rodrigo casado com a médica Lara de Melo; o médico Ricardo casado com a médica Cinthia Storti e a médica Carolina casada com o gestor ambiental Leonardo Depieri. Os netos: Guilherme, Elói, Pietro, Enrico, Gabriel, Benício e Lorena, com idades entre 4 e 13 anos.
