Docente media conflitos e melhora qualidade de vida de alunos

Resolução permite que, desde 2011, unidades de ensino tenham até 2 professores para garantir o ensino democrático e seguro

PRUDENTE - GABRIEL BUOSI

Data 11/08/2018
Horário 07:28
Marcio Oliveira - Elza atua na mediação de conflitos escolares em Prudente desde 2011
Marcio Oliveira - Elza atua na mediação de conflitos escolares em Prudente desde 2011

Entre os objetivos da função deles está a adoção de práticas de mediação de conflitos no ambiente escolar, apoio ao desenvolvimento de ações e programas de justiça restaurativa, e orientação aos pais, alunos e responsáveis sobre o papel da família no processo educativo. Instituídos pela Resolução 19/2010, que trata do Sistema de Proteção Escolar, os professores mediadores escolares e comunitários desempenham papel importante nas unidades de ensino e conseguem mudar a realidade de alunos que, muitas vezes, se tornam amigos para toda a vida. “Além de mediar conflitos, conseguimos promover melhor qualidade de vida. Faço esse trabalho pura e exclusivamente por amor e sei o quanto ele é importante”, diz Elza Bittencourt de Melo, 67 anos, no cargo desde 2011 na Escola Estadual Professor Miguel Omar Barreto, em Presidente Prudente.

Conforme a resolução, é preciso levar em consideração, para implantar o cargo de professor mediador, entre outros aspectos, o fato de que é necessário um ambiente escolar democrático, tolerante, pacífico e seguro aos alunos. Desta forma, em seu artigo 7º, o documento ressalta que cada escola poderá contar com até dois docentes para atuar na mediação de conflitos, desde que cumpram com suas atribuições. “Analisar os fatores de vulnerabilidade e de riscos a que possam estar expostos os alunos; orientar a família ou responsáveis quanto à procura de serviços de proteção social; identificar e sugerir atividades pedagógicas complementares, a serem realizadas pelos alunos fora do período letivo”, esclarece.

A partir dessas premissas está o trabalho da docente Elza. Formada em Pedagogia pela Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), ela afirma que desde muito pequena sempre foi apegada ao magistério, o que a fez desejar estar em contato com a sala de aula como profissão. Sua carreira teve início em 1972, no Sesi (Serviço Social da Indústria), onde ela ficou por 28 anos até se aposentar e, em seguida, entrar na rede estadual de ensino. “Eu comecei a trabalhar como professora de recuperação, com aulas de reforço e fui me apaixonando cada vez mais. Passei por diversas escolas, sendo que, em 2011, após apresentar minha experiência, entrei na minha atual unidade com a missão de ser mediadora”, esclarece.

Elza informa que faz um trabalho amplo e importante para a prevenção de conflitos na escola, o que fez com que a imagem da unidade, entre outros fatores, ganhasse um novo significado. “Logo que cheguei aqui, as coisas eram muito diferentes. Chegamos a apresentar alguns casos que precisaram do apoio da polícia, e foi a partir deste cenário que fui desenvolvendo meu trabalho, com o apoio dos colegas. Minha premissa principal é o diálogo, a conversa e ações em cima da justiça restaurativa, já que não devemos punir, mas restaurar este estudante”, esclarece. Ela lembra que são diversas e diárias as situações que demandam seus serviços, que são, em sua maioria, as discussões em sala de aula.

A professora afirma que, além da mediação de conflito, o auxílio aos alunos que necessitam de uma assistência especial é fundamental, já que o trabalho permitiu a inserção, por exemplo, de dois alunos, com deficiência física e mental, em atividades físicas, bem como encaminhamento a profissionais da psicologia e fonoaudiologia. “Esses parceiros, como universidades e secretarias da Prefeitura, são fundamentais e promovem um avanço muito grande a eles”. Questionada sobre a importância da sua presença na unidade, ela afirma estar feliz com o que vem desenvolvendo, já que consegue promover melhor qualidade de vida aos alunos, que a amam e tratam bem. “É um carinho e uma confiança que não se pagam. Você cria um vínculo com cada um deles e quero permanecer no cargo enquanto me for permitido”.

A diretora da escola, Maria das Dores Pereira, afirma que já trabalhou em unidades escolares antes da inserção do cargo de mediador, e lembra que a chegada do docente é “indispensável” ao bom desenvolvimento do ensino. “O diretor acabava acumulando funções, como a de mediar conflitos. A escola melhora em todos os aspectos, pois é um profissional direcionado exclusivamente a isso. É gratificante ver a qualidade do serviço realizado e os alunos só têm a ganhar”, considera.  

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