Doação de órgãos: ato nobre

Hospital Regional de Presidente Prudente realizou a captação dos rins, córneas, fígado, pulmões e coração, na tarde de ontem, envolvendo aproximadamente 50 profissionais

PRUDENTE - GABRIEL BUOSI

Data 01/11/2019
Horário 06:15
Fábio Reis/AI do HR - Doação de oito órgãos ontem contou com o trabalho de aproximadamente 50 profissionais
Fábio Reis/AI do HR - Doação de oito órgãos ontem contou com o trabalho de aproximadamente 50 profissionais

Quem via a movimentação de médicos nos corredores do HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, em Presidente Prudente, na tarde de ontem, não imaginava que profissionais de diversos cantos do Estado se mobilizavam para realizar uma ação tão nobre e capaz de salvar vidas. É que a unidade de saúde realizou a captação de oito órgãos, em um trabalho que envolveu, do início ao fim do processo, aproximadamente 50 profissionais. “Precisamos sempre reforçar a importância da doação de órgãos, que é um ato nobre e que salva vidas, mas depende da autorização das famílias, que, muitas vezes, têm dúvidas sobre o processo”, comenta o coordenador de transplantes do HR, Renato Mazzaro Ferrari.

O doador foi um homem de 27 anos, morador de Assis, que se envolveu em um acidente de carro nas estradas da região de Presidente Prudente. Por isso, foram dois rins captados pela Santa Casa de Misericórdia local para envio ao Hospital das Clínicas de Marília; duas córneas, captadas pelo próprio HR; o fígado, que foi captado pela equipe da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); e dois pulmões e o coração, captados pelo Incor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas, de São Paulo, pela primeira vez no ano. Vale lembrar que um doador pode salvar até oito vidas.

A médica da Unicamp, Catherine Reigada, fez parte da equipe que se deslocou de Campinas para participar da cirurgia. Sobre o processo, ela comenta que a notificação é recebida por meio de telefone, quando o grupo recebe a informação de que tem que se deslocar até a cidade em que há um doador. Para ontem, o transporte foi feito de avião, já que a corrida contra o tempo requer agilidade. “Avaliamos o estado do doador, se ele está estável, e aguardamos a chegada da outra equipe, que, neste caso, vem de São Paulo. Isso porque, primeiro deve ocorrer a retirada do coração e pulmões, para, em seguida, entrarmos em ação”, ressalta.

LOGÍSTICA: CORRIDA

CONTRA O TEMPO

Sobre o transporte, a profissional ressalta que ele deve ocorrer no menor tempo possível, e lembra que o fígado, por exemplo, pode levar entre 8 e 10 horas, no máximo, para que seja transplantado. A equipe, no entanto, através de um trabalho de logística, consegue realizar a ação entre 5 e 6 horas. “Para o transplante, pelo menos dois pacientes são convocados, pois se houver eventual incompatibilidade com o órgão, teremos um segundo paciente esperando”. Entre as análises para que o serviço seja concluído com sucesso, está a do tipo sanguíneo.

O cirurgião torácico do Incor, Flávio dos Reis, por fim, lembra que, já com o coração, o ideal é que o transplante seja realizado em pelo menos quatro horas após a retirada, e o pulmão em até seis horas. “Diria que o pulmão é o órgão mais difícil de ser doado, principalmente por ele ser muito sensível e ter contato com o meio externo”. Em uma eventual infecção, por exemplo, ele pode se tornar inadequado para doações, o que o faz ser o menos transplantado.

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