Dinheiro fértil

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 17/07/2018
Horário 04:18

Por que as empresas fecham? Nestes 18 anos de trabalho em consultoria de micro, pequenas e médias empresas, tenho conclusões práticas que ajudam a explicar. Lembrando que a falência não pode ser atribuída a fatores isolados, o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) aponta o comportamento empreendedor, políticas públicas, contexto econômico e o impacto de problemas pessoais sobre o negócio como os principais fatores que levam as empresas a fecharem.

O curso Empretec do Sebrae destaca muito bem este comportamento empreendedor. Já fiz este curso e recomendo! Nele, são vivenciados na prática os comportamentos que são: busca de oportunidade e iniciativa, persistência, correr riscos calculados, exigência de qualidade e eficiência, comprometimento, busca de informação, estabelecimento de metas, planejamento e monitoramento sistemáticos, persuasão, rede de contatos, independência e autoconfiança.

Pode-se incluir nesta lista o que chamo de dinheiro fértil. Trata-se do dinheiro que se reproduz. São os recursos investidos na qualidade do produto, na atenção, valorização e treinamento dos funcionários, na manutenção do prédio, marketing. Infelizmente, em algum momento, o empresário acha que não precisa mais fazer estes investimentos e, com isso, condena o negócio à falência. Por outro lado, alguns empresários começam do nada, sem dinheiro nenhum e com a visão correta de investimento constroem negócios de sucesso.

Geralmente, a primeira impressão do empresário é de que agora vai, agora sou empresário. Por pura ilusão, começa a viver um padrão de vida que imagina que tem e, gastar o que não tem. A solução neste caso é treinar o comportamento, calcular riscos, buscar eficiência, criar metas e monitorar a empresa sistematicamente. Os saques pessoais devem ter limites e as contas pessoais nunca devem ser misturadas com as da empresa.

Quando as coisas não saem como o esperado, é como se um balde de água fria fosse jogado no empresário, e este passa a não só a economizar, mas também evitar gastos que são essenciais para sobrevivência da empresa. Quem não conhece a lanchonete que “bombou” quando abriu oferecendo lanches fartos com preço acessível, lugar organizado e o atendimento entusiasmado. E depois, de algum tempo, o lugar se deteriorou, reboco da parede caiu, atendimento ficou apático, preço aumentou e o lanche diminuiu. E, com isso, os clientes sumiram e algum tempo depois o lanche fechou?

Devido ao empresário perder a visão do dinheiro fértil e deixar de dar atenção aos funcionários, a manutenção do prédio, no marketing, entre outros, o problema se instalou. Neste mesmo caminho, mas na outra via, temos exemplos de empresários, como Geraldo Rufino, que começou como catador de sucata e agora é milionário. Os fatores estão diretamente ligados ao comportamento empreendedor e na capacidade que estes têm de separar o dinheiro fértil dos outros gastos.

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