Diante da dengue, caçambas preocupam vigilância

Órgão destaca que, nas residências, a cada dez amostras de larvas, nove são do Aedes; acúmulo de entulhos requer atenção

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 17/01/2018
Horário 11:20

Enquanto não há um desfecho para o imbróglio que envolve o poder público e as empresas que realizam o transporte de resíduos da construção civil, no que tange à proibição do descarte de lixo das caçambas no aterro, a situação preocupa a VEM (Vigilância Epidemiológica Municipal) de Presidente Prudente. Para o órgão, o cenário é inquietante, diante da dengue, uma vez que um levantamento nas residências, por exemplo, mostra que, de cada 10 coletas de larvas analisadas neste início do ano, nove são positivas para o mosquito transmissor, o Aedes aegypti. Diante disso, levando em consideração de que as chuvas não cessam desde o fim do ano passado, a Vigilância norteia que a única solução é um maior olhar por parte da equipe de trabalho e da população para evitar possíveis focos.

Como noticiado por este diário, em meio à proibição do descarte, os entulhos continuam espalhados pela cidade, acumulados nas caçambas estacionadas e que estão sem destinação final. Para a supervisora da VEM, Elaine Bertacco, diante do problema, o ideal era que as caçambas possuíssem vazão, “uma questão já discutida anteriormente” e que já foi tratada em reportagens. “Mesmo não tendo nada, ela já acumula água. Agora, imagina com lixo empilhado”, completa.

A preocupação é maior, ainda de acordo com Elaine, uma vez que não “há muito o que fazer”. A dica, para enfrentar o problema é estar com os olhos ainda mais abertos. “O proprietário da caçamba deve se atentar aos possíveis focos, tentar fazer um furo nos recipientes, enfim, usar a criatividade. A VEM não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Temos de nos unir”, pontua. A supervisora do órgão não deixa de citar que a situação é “preocupante” e, enquanto não há resolução, tudo deve ser feito por todos, para não se agravar ainda mais, e que a Vigilância estuda ações a serem feitas. É preciso levar em consideração que muitas caçambas são usadas de forma irregular, reunindo entulhos e recipientes que possam acumular água.

À reportagem, a Prefeitura, a partir da Secom (Secretaria Municipal de Comunicação), informou por nota que não há nenhuma novidade até o momento. Na edição de ontem, o Executivo informou que aguardava um posicionamento oficial do Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente), órgão do MPE (Ministério Público Estadual), contudo, sem respostas.

Por outro lado, como também foi noticiado por este diário, o promotor responsável pelo Gaema, Gabriel Lino de Paula Pires, deixou claro que o posicionamento do MPE é o mesmo, citando que a Prefeitura precisa dispor dos resíduos em local licenciado para tanto, o que não é o caso do aterro local. Ademais, reiterando que a reponsabilidade é tanto da municipalidade quanto das empresas privadas e atuantes no setor.

 

O proprietário da caçamba deve se atentar aos possíveis focos, tentar fazer um furo nos recipientes, enfim, usar a criatividade. A VEM não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Temos de nos unir

Elaine Bertacco,

supervisora da VEM

 

Larvário

“Essa combinação de chuva e calor é o cenário propício para a dengue, o que faz com que a infestação esteja bem alta”. Essa percepção feita pela supervisora da VEM, é mediante a prévia do levantamento de larvário, que já foi iniciado pela pasta esse ano. Em um resumo, Elaine garante que “já é assustador”, pois os agentes estão achando muitas larvas nas residências. “O período de chuvas não ajuda. Aonde você olhar tem água”, frisa.

Diante dessa situação, a previsão é de um ano tranquilo? A reportagem fez o mesmo questionamento à supervisora e a resposta foi de que “é difícil prever”. A intenção, ainda de acordo com ela, é visitar 4.200 imóveis, para fiscalizar a situação. Contudo, em uma parcial do que já foi visitado, Elaine alega que de cada dez amostras de larvas para detecção da dengue, apenas uma dá negativo. “Essas larvas são recolhidas e trazidas para análise, de acordo com cada recipiente encontrado. O objetivo é verificar se são do Aedes aegypti ou de outros”, conclui.

Depois do surto da dengue, zika virus e chikungunya, em 2016, a preocupação agora, conforme Elaine, é evitar que um novo vírus possa se manifestar. Até o momento, a VEM ainda não detectou nenhum caso da doença neste ano.

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