Diálogo se faz necessário em toda relação intrinsecamente política

EDITORIAL -

Data 10/03/2018
Horário 11:35

Existem relações que, por natureza, são políticas - ainda que as partes procurem subterfúgios para, de alguma forma, “mascarar” tal fato. É inerentemente política qualquer negociação ou tratativa entre poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), com oligarquias ou grupos dominantes da iniciativa privada e até com representantes da academia, da imprensa e outros setores da sociedade. Tudo que se refere a assuntos de interesse dos cidadãos e, portanto, diz respeito à “polis” (cidade, em grego), se enquadra nessa definição.

Diante dessa verdade insofismável (seja ela admitida ou não), é importante que o diálogo franco e aberto permeie todas as reuniões e mesas de debate que tratam dos temas que afetam a vida do brasileiro. Exemplo disso é, como noticiado hoje por este diário, a confirmação de uma reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ditador norte-coreano Kim Jon-un: encontro que dificilmente parecia realidade ao imaginário público há muito pouco tempo atrás.

Independentemente do resultado do debate, se foi o impacto das sanções americanas à Coreia que o viabilizou, e ainda que não estejam em pauta negociações, apenas a sinalização dessa discussão amigável é capaz de arrefecer o clima hostil entre as potências. Esse bate-papo (e não duelo) de titãs deve ser tomado como exemplo, também, nas esferas hierarquicamente.

Presidente Prudente deu exemplo a respeito disso, mas do que não se fazer. A falta de diálogo que se arrasta entre a Prefeitura e a Câmara desde 2016 envolveu em seus capítulos muitas leis vetadas, vetos derrubados, e ADIs (ações de inconstitucionalidade direta) ajuizadas. A situação chegou a um ponto em que uma comissão para analisar a possível cassação do chefe do Executivo chegou a ser criada, a qual teve as atividades “barradas” pela judicialização do caso. No entanto, o desfecho da situação paira no ar, visto que todo processo de cassação é eminentemente político.

Nesses desencontros e na falta de negociatas bem intencionadas quem perde sempre é a população. É importante não só estabelecer diálogo, mas um diálogo pautado no interesse público. Isso que deve ser resgatado no âmbito público (e no privado, por que não?). Um “grande acordo nacional” foi previsto e realizado. O grande problema é que esses conchavos só existem para a defesa de desejos, anseios e propostas individuais ou de grupos vampíricos que se mantém no poder. O que transformaria o sistema, e é cada vez mais raro - seja a nível de Brasil ou de Mundo - é um compromisso que vise o bem maior, do povo, verdadeiramente. E não o utilize apenas como escudo, ou desculpa.

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