Desgovernados

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 24/03/2019
Horário 05:12

Ninguém tem o direito de destruir a esperança de ninguém. Ninguém. Espero que a minha leitura dos fatos e opinião não lhe causem mal, estimado leitor. A democracia brasileira, dizem ora aqui, ora ali, corre sérios riscos de se desfazer com os choques advindos especialmente da corrupção nas instituições nacionais. O noticiário, mais as dificuldades no bolso e na mesa levaram o povo a aumentar a sua repulsa e ojeriza pela política. E isso desembocou na campanha eleitoral passada cujo medo e certa cegueira ideológica ritmaram o processo.

Surgiu das urnas para a ribalta uma renovação de personagens políticas, o que não significa necessária mudança para o lado pretendido da história. Figuras histriônicas, com ideias e opiniões afrontando o conjunto de valores populares. Um espírito bélico, uma constante recusa ao debate, ao contraditório, ao planejamento de como fazer do nosso um país grande. Precisamos de uma educação a revolucionar as bases, mas o ministério afim está uma barafunda ‘dos diabos’ (desculpem-me pela palavra). Tudo o que não conseguem esconder e nos é apresentado pela imprensa indica que há grandes chances de o que está funcionando deixar de funcionar.

Sou padre católico, e até onde minha vista alcança e o meu coração sente, não tenho problemas de fé, mas não me deixo seduzir pelo refrão “Deus acima de todos”. Afinal, ensina a palavra de Deus a ‘não tomar o santo nome em vão’. Também não me deixo seduzir pela educadora que pretendia catequizar o povo. Infelizmente, a igreja falhou na catequese por longo período, mas não gostaria de que o governo assumisse a catequese religiosa, nem ignorasse as descobertas científicas e nos levasse às cavernas. Não. Isso não. O Brasil merece mais.

Ouvir o presidente da República alhures dizer que é preciso destruir muito para, depois, construir alguma coisa me deixa muito menos esperançoso com os rumos do seu governo. Não precisamos de um youtuber, mas de um chefe da nação. Não precisamos de animador de claque e de idólatra de estrangeiros, mas de um líder a serviço das 210 milhões de pessoas. Se a bandeira do Brasil não será vermelha, também não será laranja nem desfigurada por ideologias semelhantes com sinais trocados. *p.s.: Do Presidente da Câmara, Rodrigo Maia: “o governo é um deserto de ideias” e “o presidente tem que usar menos o twitter e governar”.

Pesquisas indicam expressiva queda na aprovação do presidente (estilo de governo e confiança pessoal). Palavras são apenas palavras. Ações é que importam. E estas até agora indicam que a ventania deixa a biruta confusa e confusos todos os que por ela se guiam. Outro exemplo. Após o “massacre de Suzano”, os corpos sequer tinham sido recolhidos, um senador da república já dava a definitiva solução: armar os professores (!!!). Ressalte-se, isso num país cuja taxa de homicídios é absurdamente alta.

Na Nova Zelândia, após o atentado terrorista que deixou 50 mortos numa mesquita, a primeira-ministra Jacinda Ardern manifestou empatia nos gestos e nas palavras, e numa atitude de quem quer a paz proibiu a venda de armas semiautomáticas de estilo militar e fuzis de assalto; o governo ainda pretende instituir plano para devolução das armas já compradas. Lá, os índices de violência são baixíssimos: por 100mil habitantes em 2017, houve 0,16 homicídios; aqui, 30,8.

Não me vejo representado por violentos e vingadores no poder. Não vejo preocupação com o povo que efetivamente sofre com várias faltas (trabalho, saúde, escola e oportunidades). Não quero estragar o seu dia, mas estão desgovernados os que nos governam e pior, agindo, em nome de Deus. Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

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