Desenho de super-herói faz apelo a cuidados ambientais

Pintura foi realizada no estacionamento ao lado da Praça da Juventude da Cohab, em Presidente Prudente, pelos artistas Itamar Xavier e João Célio Silva

VARIEDADES - THIAGO MORELLO

Data 03/02/2019
Horário 05:15
Cedida/Itamar Xavier: Herói Capitão Planeta, que foi ao ar pela primeira vez em setembro de 1990, foi reproduzido com os pés sujos de lama
Cedida/Itamar Xavier: Herói Capitão Planeta, que foi ao ar pela primeira vez em setembro de 1990, foi reproduzido com os pés sujos de lama

“Pela união de seus poderes, eu sou o Capitão Planeta!”. Para quem nasceu da década de 90 em diante e teve a chance de acompanhar a estreia do desenho norte-americano Capitão Planeta pode ouvir e até mesmo repetir tal frase. O programa, que foi ao ar pela primeira vez no dia 15 de setembro de 1990 nos Estados Unidos - mas chegou ao Brasil apenas no ano seguinte - conta a história de um super-herói que agia e construía sua força através dos elementos da natureza (representados por jovens): ar, água, fogo, terra e coração. Mas desde quinta-feira, quem ainda não o conhecia teve a oportunidade de vê-lo, pelo menos em uma reprodução artística. É que às margens da Praça da Juventude da Cohab, em Presidente Prudente, o herói foi reproduzido ao solo em um desenho de quase 700 m² (metros quadrados). E apesar do personagem ser fictício, a mensagem por trás dele é real: um apelo aos cuidados essenciais que todos devem ter com o meio ambiente.

Quem teve a ideia e colocou as mãos na massa foram os artistas plásticos prudentinos Itamar Xavier e João Célio Silva. Logo de cara, e até mesmo difícil não associar a obra, eles já falam sobre a inspiração: a tragédia em Brumadinho (MG), que até a atualização de sexta-feira, deixou 110 mortos e 238 pessoas desaparecidas após uma barragem da mineradora Vale romper e atingir a cidade. “A nossa ideia era, mesmo que simbólico, trazer a importância de cuidarmos ainda mais do meio ambiente, para que coisas ruins como essa não aconteçam”, explica Itamar.

E na realidade, a ideia inicial era mobilizar os cidadãos prudentinos, ainda de acordo com ele, a fim de arrecadar alimentos e materiais que poderiam ser doados ao local trágico. “Mas, após a própria mensagem do Corpo de Bombeiros atuante lá no local, de que já estavam saturados de doações, decidimos mandar a mensagem mesmo assim”. Mensagem essa, que conforme Itamar é do poder que a união das pessoas tem, uma vez que no desenho era isso que alimentava o super-herói - e a exposição a problemas ambientais o enfraquecia. “Ou seja, nós podemos ser os heróis”, destaca.

Heróis que também choram e se comovem. Na obra, por exemplo, o Capitão Planeta está com as botas sujas de lama, como se estivesse em resgate pelas vítimas atingidas na tragédia. Para João Célio, é uma forma de dizer que “ficamos tristes”, mas precisamos agir. “É importante sempre trazermos em pauta obras que fazem esse apelo, que falam dessa importância de cuidar do meio ambiente, que é nosso”, argumenta o artista.

 

Inspiração e trabalho

Quem acompanha a vida do ator Leonardo DiCaprio sabe que o mesmo possui ligação com ações ambientais, até mesmo por ser ambientalista. Na obra feita em Prudente, o famoso, que chegou a vir em público pedindo ajuda para Brumadinho, também teve vez.

Se olhar atentamente, os traços que formam o rosto do super-herói na pintura é uma homenagem ao ator, representando-o. “A gente fez a caricatura do Leonardo DiCaprio por duas situações: ele tem a pretensão de reproduzir em filme a animação do Capitão Planeta, e pelo fato dele ser ambientalista e vestir a camisa em causas como essa”, pontua.

E por falar em vestir a camisa, para tal trabalho, João Célio conta que foram pelo menos seis dias de preparo. A pintura no solo tem cerca de 700 m², divididos em uma medida de 28,5 m por 24 m. Na composição, foram utilizados três baldes de tinta látex e aproximadamente 100 corantes de cores diversas, afirma os artistas. “Por ser um amplo desenho, o maior trabalho foi desenhá-lo no chão, sem ter a visão de cima, para que ficasse reto e perfeito”, considera João. Para que isso ocorresse, Itamar complementa que quadrados de 1,5 m² foram feitos um ao lado do outro, como uma régua, para que pudessem dar dimensão do que estava sendo feito. Dependendo do ponto vista em que se olha, a obra tem até mesmo um efeito 3D (terceira dimensão).

Mas o que eles não deixam de contar, na verdade, é que o trabalho maior foi enfrentar os dias quentes de Prudente, para que pudessem trabalhar diariamente na pintura.

 

 

Capitão Planeta

Como já mencionada, no dia 19 de setembro de 1990 ia ao ar o primeiro episódio do desenho Capitão América, que nos Estados Unidos - local de origem -, intitulava-se “Captain Planet And The Planeteers”. Ele foi criado como uma forma de alerta e interação para com os telespectadores, crianças e adolescentes, em relação aos cuidados ambientais. “O poder é de vocês” era a frase lema do herói.

E os Planeteers, seus seguidores, eram representados por cincos jovens, os mesmos que, cada um como seus elementos, unidos davam forças ao herói: Kwane (terra), representava a esperança de um mundo melhor; Joey Wheeler (fogo), a convivência humana com as grandes metrópoles; Linka (ar), o uso ético e responsável da ciência e tecnologia em favor do mundo; e Gi (água), a empatia para com os animais e ecossistemas; e Ma-ti (coração), a sabedoria dos povos e culturas humanas. Ademais, ainda tinha a personagem Gaia (coração), que simbolizava toda a espécie humana.

 

 

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