Dependência química adoece e escraviza toda sociedade

EDITORIAL -

Data 02/03/2018
Horário 14:55

Qual o preço de um baseado de maconha para sociedade? Ou de um “tirinho” de cocaína, um “tapa” em um cachimbo de crack, ou mesmo um trago em um inofensivo cigarro e um gole em um drink qualquer? Para ter acesso a tais substâncias e consumi-las o preço é calculável. Cada produto tem o seu valor venal, seja sua venda feita de maneira lícita ou ilícita. Mas e quanto ao impacto financeiro na sociedade, que resulta do consumo dessas drogas? O reflexo do comércio feito pelo tráfico, que deságua na violência e no controle de determinadas regiões. Além, é claro, do custo para saúde e demais serviços públicos, aplicado na prevenção e tratamento de usuários. O montante é incalculável! É impossível mensurar o tamanho do prejuízo e do estrago ocasionados pela proliferação do consumo de drogas, lícitas ou ilícitas, em meio à sociedade brasileira.

Nos últimos dias o país acompanhou pelos meios de comunicação as notícias das mortes de diversos integrantes de facções criminosas, inclusive de São Paulo. Também se viu os desdobramentos da violência no Rio de Janeiro, que culminou com um decreto presidencial de intervenção militar por parte do governo federal. Isso, sem contar, nas inúmeras mortes que ocorrem diariamente em todo país, vítimas de disputas por pontos de tráfico, dívidas de drogas, overdoses, ou mesmo assassinadas por um familiar usuário de entorpecentes.

O preço é alto e quem paga, no final, é toda sociedade, que além de adoecida se torna escravizada pela dependência química. Envenenada por seu próprio veneno. Como afirmou o ministro Raul Jungmann durante a cerimônia de sua posse no Ministério da Segurança Pública. “Me impressiona, por exemplo, o Rio de Janeiro. Eu vejo, de dia, as pessoas clamarem contra a insegurança, violência, contra o crime. Estão corretas. E, à noite, financiarem o mesmo crime, através do consumo de drogas”.

Incoerente uma sociedade clamar contra aquilo que, direta ou indiretamente, ajuda a financiar. Tal como decretou outrora um delegado da Polícia Civil do Rio: “O Elias Maluco matou Tim Lopes, mas quem financiou essa morte foram os usuários das drogas”. É um ciclo sem fim, que começa com a busca do prazer através da droga e termina com a fuga, ou o trágico encontro com o sofrimento. É necessária uma quebra nesse curso, ou o curso quebrará de vez a sociedade.

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