Cultura da soja é a aposta de maior rentabilidade à região

Apesar de redução no plantio, expectativa é de melhora na venda da saca do grão, que na safra passada movimentou mais de R$ 170 mi

REGIÃO - ROBERTO KAWASAKI

Data 13/04/2018
Horário 08:54
Arquivo - Produção de soja no EDR de PP representa 5% do total do Estado
Arquivo - Produção de soja no EDR de PP representa 5% do total do Estado

A área de plantio de soja na região de Presidente Prudente deverá sofrer uma perda de 7,3 mil ha (hectares), conforme o IEA (Instituto de Economia Agrícola), indo de 61.494 ha (safra 2016/17) para 54.164 ha (safra 2017/18), reduzindo 11,91%. No entanto, mesmo diante deste prognóstico, o engenheiro agrônomo da Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) em Presidente Prudente, Lauro Eiji Tiba, aponta que o grão deve se tornar nos próximos anos uma das culturas mais rentáveis para a região.

O motivo é uma expectativa de melhora nos valores da saca, que hoje custa entre R$ 60 e R$ 70. Os três EDRs (Escritórios de Desenvolvimento Rural) da região - Dracena, Prudente e Presidente Venceslau - produziram na safra passada, 25.064, 2.444.050 e 439.870 sacas de 60 quilos de soja, respectivamente, incluindo tanto o grão comum quanto o irrigado artificialmente, por falta de umidade no solo. Isso significa que a venda das 2.908.984 sacas resultou em uma movimentação de mais de R$ 170 milhões, aproximadamente.

De acordo com Lauro, a exportação para países como a China rende lucros ao produto, uma vez que o grão é utilizado para a indústria do farelo e ração para animais. Caso ocorra uma quantidade maior nas vendas, ele afirma que podem surgir mais áreas para investimentos no setor “porque isso dá esperanças ao produtor”.

O agricultor Carlos Custódio de Souza, 62 anos, corrobora a afirmativa de que o plantio da soja “faz dinheiro muito rápido”. Ele aponta que, desde que começou a ganhar força na região, a cultura continuou crescendo a cada período. Ele cita que existem áreas grandes destinadas à soja e que nas regiões que fazem fronteira com o Paraná, os produtores têm aproveitado das terras para o cultivo.

Carlos explica que o preço da soja é bastante variável, porque o valor muda diariamente. Até o mês de março, o agricultor afirma que teve uma venda “bastante satisfatória” da safra e que até o momento, a região foi “privilegiada” devido à pequena quantidade de chuva que caiu, o que favoreceu a plantação. Após a colheita da soja, o agricultor deu início à plantação de milho e a expectativa até o meio do ano é vender toda a produção. “Em outros anos, não foi tão bom, mas agora será melhor”, finaliza.

 

Cultura estagnada

As plantações da cana-de-açúcar, antigamente tão estimadas na região, estão estagnadas no momento.  Com uma área aproximada de 261 mil hectares, que permite quatro cortes por ano, os produtores não buscam empreender em terras maiores, “apenas as mantêm e renovam o plantio a cada safra”. Segundo dados do IEA, a produção final da safra 2016/2017 de cana para indústria na EDR de Prudente, finalizada em novembro, foi de 21,43 milhões de toneladas.

Utilizada para a fabricação e exportação do açúcar, para o uso interno a cana é matéria-prima do etanol. Desta forma, Lauro explica que muitas usinas foram fundadas na região e hoje elas estão estabelecidas no mercado. Devido a isso, acredita que “a tendência é continuar apenas se renovando”, finaliza.

 

EVOLUÇÃO DAS CULTURAS

Apesar de serem as maiores culturas da região atualmente, a produção de soja e cana-de-açúcar não era forte quando a região começou a se desenvolver. Em 1940, o cultivo e produção de hortelã eram feitos para ser transformado em óleo e abastecer os aviões na 2ª Guerra Mundial. Na mesma época, a produção de café e amendoim também era responsável pela geração de renda dos municípios. Já na década de 1980, o engenheiro da Cati conta que o cultivo de algodão era frequente para exportação, mas devido à colheita mecânica, a atividade migrou para outros Estados.

 

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