Cresce para 26 o número de denúncias contra médico

Mais mulheres procuraram a Polícia Civil para registrar acusações de assédio semelhantes às relatadas por outras pacientes

PRUDENTE - ROBERTO KAWASAKI

Data 17/01/2019
Horário 04:52
Roberto Kawasaki - Delegada Adriana diz que denúncias podem aumentar
Roberto Kawasaki - Delegada Adriana diz que denúncias podem aumentar

A DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) em Presidente Prudente ouviu ontem mais nove mulheres que acusam um médico cardiologista por supostos crimes de violências sexuais ocorridos durante consultas médicas. Na terça-feira, outra vítima prestou depoimento na delegacia. Desta forma, o total de acusações contra o profissional chega a 26, contudo, os números podem ser ainda maiores no decorrer dos dias. Isso porque, conforme explica a delegada Adriana Pavarina, os telefonemas de possíveis vítimas do especialista não param de chegar à delegacia, sendo que as informações preliminares obtidas pela investigação dão conta de que os relatos dos atos libidinosos são praticamente semelhantes.

“De maneira geral, elas descrevem que durante o exame clínico de rotina o cardiologista pedia para aferir a pressão arterial e escutar o coração, momentos em que se aproveitava para praticar os atos como colocar a mão da vítima no pênis, passar as mãos nos seios e vagina. Foi constatado que os comportamentos relatados pelas denunciantes eram assemelhados”, explica Adriana.

Mesmo que pudessem pedir ajuda a outras pessoas, o medo tomava conta dos sentimentos das vítimas. Segundo a delegada, a maioria das pacientes perdia a reação por conta da humilhação a qual estavam passando. “Crimes contra a dignidade sexual refletem no valor mais íntimo das mulheres. A partir do momento em que ela tem o corpo violado de forma abusiva, isso gera um sentimento de vergonha junto ao medo, que são fatores contribuintes para a dificuldade de encorajar a denunciar os fatos”.

Conforme a Polícia Civil, em um primeiro momento, o cardiologista acusado de assediar as pacientes foi devidamente interrogado e negou os fatos, sendo formalmente indiciado pelo crime de violação sexual mediante fraude. No começo de dezembro do ano passado, ele compareceu à sede da DDM na companhia do advogado de defesa, e exerceu a prerrogativa de permanecer em silêncio. “Há fatos anteriores a 2008 que chegaram a nosso conhecimento, bem como inquéritos da última década que foram instaurados e concluídos. Por parte da Polícia Civil, todas as providências foram tomadas e encaminhadas ao Ministério Público e Poder Judiciário para dar início à ação penal”, detalha a delegada.

Segundo a polícia, a última prática registrada pelo médico foi no dia 19 de julho de 2018. Diante do não cumprimento de mandado judicial contra o médico nos últimos anos, a reportagem solicitou ao TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) o motivo pelo qual não foi feita a condenação do cardiologista anteriormente. Até o fechamento desta edição, não obteve resposta.

Prisão preventiva

Ontem, o Ministério Público Estadual emitiu uma nota em que relata a denúncia contra o médico de crime de violação sexual mediante fraude praticado em Presidente Prudente. Segundo o órgão ministerial, “como há prova de materialidade e indícios de autoria, a Promotoria pediu que a Justiça decrete a prisão preventiva do médico”. Conforme noticiado na edição de ontem, o promotor de Justiça e autor da ação, Filipe Teixeira Antunes, disse que a decisão judicial sobre o pedido de prisão preventiva do cardiologista poderia ser autorizado entre ontem e hoje pelo juiz da 2ª Vara Criminal de Prudente, João Pedro Bressane de Paula.

A reportagem entrou em contato com o Fórum para obter informações a respeito da decisão, contudo, até o  começo da tarde de ontem foi informada de que não havia representantes autorizados para falar sobre o assunto, uma vez que o caso tramita em segredo de Justiça.

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