Convocação da Prefeitura de Pirapozinho gera polêmica entre alunos

Nossa intenção é movimentar a opinião pública acerca de um problema grave. A lei nos deu uma alternativa de contar com o reforço de quase 600 estudantes. Contudo, não queremos forçar ninguém. Se for para atrapalhar, melhor não aparecer.

REGIÃO - Jean Ramalho

Data 17/02/2016
Horário 12:02
Prevista pela Lei Municipal 3.530, de 5 de fevereiro de 2009, a convocação feita pela Prefeitura de Pirapozinho aos estudantes usuários do transporte universitário, para que eles auxiliem durante um arrastão de limpeza, gerou polêmica na cidade. Trata-se de um treinamento do qual os alunos terão que participar, para comprovar a prestação de serviços referentes ao arrastão "Todos contra o Aedes", que será realizado no domingo, das 9h às 17h. Nas redes sociais, estudantes protestaram e zombaram do comunicado durante todo o dia de ontem.

Em uma das publicações referentes ao tema mais compartilhadas na rede, uma estudante se surpreende com o comunicado do Executivo pirapozense. "Incrível como a Prefeitura de Pirapozinho se supera a cada dia", comenta a jovem. E completa: "Cada um tem o dever de cuidar da limpeza da sua própria casa, e não fazer o dever dos outros", considera.

Em outra publicação muito compartilhada, uma montagem trazia a foto de um dos ônibus da frota da Prefeitura de Pirapozinho, cercada com algumas raquetes de matar mosquito, ao lado de um homem trajando roupa especial e máscara de gás, seguida pelos dizeres: "Novo uniforme e ônibus escolar de Pirapozinho".

Brincadeiras à parte, a revolta dos estudantes na rede se deu após uma determinação do Executivo, assinado pela dirigente de Educação do município, Dilaine Carrijo Daleffe Pereira. O comunicado convoca os alunos maiores de 18 anos, que utilizam o transporte universitário, a participar de um treinamento em virtude do arrastão de limpeza "Todos contra o Aedes". O treinamento será realizado hoje, em três horários (9h, 13h e 19h), no Centro Cultural Rosa Vantini Martinez. Além de sábado, às 16h, no mesmo local.

 Casos de dengue


Promovido pela Divisão Municipal de Saúde, o polêmico treinamento tem por objetivo ambientar os estudantes ao trabalho que deverá ser desenvolvido durante o arrastão, no domingo, das 9h às 17h. Motivo que também gerou questionamentos dos usuários do transporte universitário. "São serviços que nas outras cidades estão sendo feitos por agentes da Prefeitura e outros cargos públicos pagos", comentou uma estudante.

Para efetuar a convocação, o Executivo de Pirapozinho se baseou na lei que instituiu o transporte público universitário gratuito na cidade. Em seu artigo 3, que trata sobre as contrapartidas, a lei prevê a participação dos estudantes em campanhas da Prefeitura, mediante convocação da divisão de Educação. De acordo com a Assessoria de Imprensa da Prefeitura, a convocação foi necessária, sobretudo para tentar evitar que a cidade atravesse uma nova epidemia de dengue, assim como a de 2015, quando o município contabilizou 1.634 casos notificados, tendo confirmado 1.587, inclusive com dois óbitos.

"A principio, pedimos a colaboração de toda a população com a limpeza de seus quintais. Fizemos alguns mutirões, para tentar conscientizar a população, contudo, ainda não foi suficiente. A dengue não é um problema só do poder público, mas de toda a população, que deve assumir sua responsabilidade", afirma a assessoria.

 Medida extrema


A medida foi considerada extrema, mas necessária, conforme a visão da Prefeitura. Uma vez que, segundo a assessoria, em 2016 já foram confirmados três casos da doença na cidade, além de outros 40 que seguem em fase de análise. "A ideia não é punir os estudantes, mas fazer com que todos se conscientizem com relação à proliferação do Aedes. Então, pretendemos aproveitar a eloquência e a consciência cívica dos universitários, para mudar o cenário de nosso município", salienta o prefeito Orlando Padovan (DEM).

Mesmo com a convocação, o prefeito relata que não serão aplicadas sanções aos estudantes que não comparecerem aos treinamentos e ao arrastão. "Nossa intenção é movimentar a opinião pública acerca de um problema grave. A lei nos deu uma alternativa de contar com o reforço de quase 600 estudantes. Contudo, não queremos forçar ninguém. Se for para atrapalhar, melhor não aparecer", observa o chefe do Executivo.
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