Construção civil inicia o ano com estagnação

PRUDENTE - ROBERTO KAWASAKI

Data 15/04/2018
Horário 07:00
Marcio Oliveira, Lucrécio espera que haja aumento de até 2% nos investimentos
Marcio Oliveira, Lucrécio espera que haja aumento de até 2% nos investimentos

Construir uma moradia está cada vez mais difícil, tanto para aqueles que desejam empreender no setor imobiliário, quanto para quem busca levantar uma construção própria para residir. De acordo com o diretor e presidente do Sintracon (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Presidente Prudente), Lucrécio de Alencar Castelo Branco, nos primeiros meses do ano o setor possui uma retomada lenta, mas espera que haja um aumento de até 2% em investimentos na construção civil entre os meses de abril e agosto. Os motivos desta estagnação momentânea, segundo Alberico Peretti Pasqualini, delegado regional do Creci (Conselho Regional de Consultores de Imóveis), são as baixas porcentagens de financiamentos oferecidos e as construções sem incorporadoras, que impedem o desenvolvimento.

O delegado regional do Creci explica que a evolução do mercado imobiliário depende de financiamentos, como o Minha Casa Minha Vida, do governo federal. Devido à análise de crédito destinada a financiamentos bancários, em relação à comprovação de renda por parte do interessado que deseja financiar um imóvel, Alberico expõe que isso dificulta a aderência da moradia, já que muitos não alcançam a exigência. “Cerca de 80% das vendas de imóveis na região são atreladas ao financiamento, e conforme aumenta a taxa de juros, o mercado do setor também sente”, diz.

Segundo a Caixa Econômica Federal, existe uma análise de crédito comum a todos os empréstimos e financiamentos bancários para apurar a capacidade de pagamento da pessoa. Desta forma, é possível saber se ela tem ou não condições de arcar com a prestação relativa ao crédito que está solicitando.  Atualmente, o banco informa que não existe linha de crédito habitacional que financie 100% do imóvel. Por meio do Minha Casa Minha Vida, a cota para financiar é de até 80%.

Segundo Alberico, outro fator que tem auxiliado na estagnação da construção civil é a não contratação de incorporadoras para construir moradias. Ele conta que existem pequenos construtores que levantam obras independentes e dividem o terreno em duas partes, o que reduz a busca por construções nas empresas. “Geralmente uma casa fica para o construtor e a outra ele aluga, como uma maneira de obter renda a mais”, diz.

 

Retomada

Conforme explica Lucrécio, a previsão para o desenvolvimento do setor vai depender dos fatores relacionados à economia, que afeta também a quantidade de funcionários contratados para atuar na área. Desta forma, os prejudicados – que são os empreendedores – devem se esforçar para manter o serviço, “porque a quantidade de construções também depende do empresário”.

Luis Gustavo Ribeiro, diretor-adjunto da regional do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria de Construção Civil do Estado de São Paulo) também garante que o mercado da construção civil na região entre o final e início  do ano não é dos melhores ao empresariado. Em meio à paralisação, acrescenta que neste ano sentiu que houve uma redução nas solicitações em obras dos setores público e privado. Ele espera que haja uma retomada geral do setor ainda no primeiro semestre deste ano, no entanto, de maneira não significativa. “O mercado imobiliário continua acreditando em novos investimentos no município, mas vai girar em torno de estabilidade econômica”, acrescenta.

 

Possível mudança

Segundo o construtor Claudinei Cardoso, da RCS Construtora, a estagnação do setor pode mudar nos próximos meses, desde que haja “um incentivo maior para que os empreendimentos gerem empregos na região”. Além disso, também acredita que o financiamento bancário dificulta o mercado, “já que não existe um financiamento de 100% ao cliente”.

Eduardo Sales Ramos é proprietário da Construtora Ramos Sales e afirma que algumas das dificuldades do mercado imobiliário estão sendo resolvidas. Ele acredita que quando há um incentivo maior ao financiamento, é possível que aumente a procura de imóveis, o que pode levar a novos lançamentos imobiliários e a retomada do crescimento.

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