Comércio regional prevê prejuízo de R$ 73,1 mi

Montante é 16% maior do que o projetado em 2017; Fecomercio afirma que aumento é justificado pela estimativa de melhora

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 18/01/2018
Horário 17:57

Os feriados nacionais e pontes podem gerar um prejuízo de R$ 73,1 milhões para o comércio varejista da região de Presidente Prudente em 2018, apontam cálculos da Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). O montante é 16% maior do que o projetado em 2017. De acordo com a entidade, o número de folgas será o mesmo do ano passado, isto é, 15, portanto, tal elevação é motivada exclusivamente pela melhora da estimativa de crescimento nas vendas para os próximos 12 meses. Representantes do comércio veem o déficit como “desfavorável” para o faturamento do varejo, o qual ainda se recupera de uma crise econômica que estagnou o número de contratações, reduziu a movimentação e gerou acúmulo de estoque em estabelecimentos prudentinos.

Para a diretora do Sincomércio (Sindicato do Comércio Varejista de Presidente Prudente e Região), Maria Inês Sandoval Santos, os feriados são uma “grande dificuldade” para os lojistas, sobretudo quando caem durante a semana, tendo em vista que o segmento precisa de dias úteis para obter retorno financeiro. Segundo ela, ao fechar o estabelecimento, as despesas continuam correndo, como o aluguel do prédio e a folha de pagamento dos funcionários, ao passo que a receita fica “prejudicada”.

Em sua opinião, muitos feriados perderam o seu sentido com o passar dos tempos e, hoje em dia, já nem são mais comemorados, o que acaba anulando o funcionamento do comércio sem realmente haver necessidade. “Antigamente, tudo era muito comemorado e tinha propósito. Hoje em dia, os feriados só existem para os lojistas fecharem as portas”, avalia. Há exceções, como a Páscoa e o Natal, que são datas rentáveis para o setor, contudo, muitos dos feriados acabam tendo “pouco apelo comercial”, defende.

 

Custos adicionais

O presidente da Acipp (Associação Comercial e Empresarial de Presidente Prudente e Região), Ricardo Anderson Ribeiro, por sua vez, argumenta que o problema maior é quando os feriados caem em aproximações de final ou início de semana, como terça ou quinta e sexta-feira, uma vez que acarretam a “famosa” ponte. “Se você tem um feriado em uma segunda, acaba não sendo tão prejudicial quanto seria numa terça”, exemplifica. Ele acredita que a decisão de abrir os estabelecimentos nessas datas ainda é uma questão que precisa ser discutida, considerando que os dispêndios que o proprietário deve assumir ao tomar tal decisão são, normalmente, “pouco compensatórios”.

Neste sábado, quando é lembrado o Dia de São Sebastião, feriado municipal, o comércio atende até 15h e, segundo o Sincomércio, o funcionamento será compensado na segunda-feira de carnaval. Para Ricardo Anderson, trocar um dia pelo outro produz o mesmo resultado e pode favorecer somente uma parte do varejo, já que o mês de janeiro é proveitoso para papelarias e lojas de uniforme escolar, mas é pouco rentável para outros setores. “Isso porque o começo do ano é um período de férias e Prudente está vazia. Somos uma cidade que exporta mais turistas do que recebe. A meu ver, seria mais vantajoso trabalhar na segunda de carnaval”, pondera.

Independente das despesas adicionais que a abertura em feriados poderia gerar, o presidente da Acipp pontua que tal iniciativa exige um acordo com o sindicato patronal e organização por parte de todos os interessados, dado que abrir as portas de forma isolada pode prejudicar o dono do estabelecimento. “Se você tem uma boa parte do comércio aberta, todos os pequenos vão atrás. O que não dá certo é apenas um ou dois abrirem, porque não atrai movimento”, pontua.

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