Comerciante requer persistência para sobreviver

Lembrada hoje, data alusiva estimula reflexão sobre as problemáticas que afetam diretamente o varejo da região de Presidente Prudente

PRUDENTE - André Esteves

Data 16/07/2017
Horário 03:01
Marcio Oliveira, Roberto de Andrade toca padaria há 16 anos no centro de PP
Marcio Oliveira, Roberto de Andrade toca padaria há 16 anos no centro de PP

“O segredo para lidar com a crise é transformar a qualidade no carro-chefe do estabelecimento”, recomenda o proprietário da Panificadora Soberana, em Presidente Prudente, Roberto de Andrade, 68 anos, que hoje celebra pelo 16º ano o Dia do Comerciante. Embora o pão seja um item indispensável no café da manhã dos brasileiros, ele expõe que até mesmo o segmento das padarias é afetado pela crise econômica. No entanto, aponta que a recessão não pode ser justificativa para perder a clientela. Desta forma, a estratégia é fornecer um produto bem feito, que deixe o cliente satisfeito o bastante para permanecer consumindo. “Em termos de qualidade, o que é bom não custa. O que é bom vale”, pondera.

Para o comerciante, a crise é como uma peneira, à qual resistem aqueles que possuem persistência. A mesma regra vale para a concorrência, que, segundo ele, é alta no município, em virtude do número de panificadoras em funcionamento. Para que seu empreendimento não fosse mais um entre vários, Roberto investiu na ampliação de serviços, transformando o espaço também em restaurante. Seu interesse no negócio surgiu há quase duas décadas, quando se aposentou e decidiu não ficar parado. Na época, a Panificadora Soberana já atendia a população desde 1957. Sua tarefa foi dar continuidade. “Com o decorrer do tempo, a nossa padaria transformou-se em uma das mais tradicionais da cidade”, considera.

A atual conjuntura política não desanima Roberto, que crê em tempos melhores para o comércio. Enquanto o segmento caminha em direção à estabilidade, o comerciante se mantém de pé com trabalho duro, mesmo perante os desafios que permeiam o varejo, como tributação, rotatividade e, consequente desta, falta de mão-de-obra qualificada. “O importante é trabalhar sempre. Como eu costumo dizer, quem gosta de trabalhar, está sempre de férias”, pontua.

 

À espera de dias melhores

Para o presidente da Acipp (Associação Comercial e Empresarial de Presidente Prudente), Ricardo Anderson Ribeiro, apesar do atual contexto econômico não permitir comemoração, o Dia do Comerciante é uma data que merece ser lembrada, considerando que o comércio é o setor que mais influencia o faturamento da região. O representante destaca que as expectativas agora são para que o varejo encontre um equilíbrio, uma vez que o oeste paulista ainda possui “forte apelo comercial”. “De momento, estamos estagnados. Evoluções ocorrem, mas pouco significativas. A projeção é que haja uma reação positiva assim que as turbulências política e econômica chegarem ao fim”, avalia.

O presidente do Sincomércio (Sindicato do Comércio Varejista de Presidente Prudente e Região), Vitalino Crellis, por sua vez, enfatiza que o 16 de julho é uma data importante para destacar “pessoas que trabalham em prol da economia municipal e geram empregos para a população”, embora com dificuldades nas atuais circunstâncias. Vitalino aponta que, atualmente, são 600 currículos aguardando uma contratação no varejo. E o número de admissões se mostra desfavorável, pois os comerciantes têm lidado com “despesas grandes”, o que os obriga a suspender temporariamente as admissões. Porém, assim como Ricardo Anderson, Vitalino se mantém confiante. “Do modo como está, não podemos continuar. A esperança é que as vendas voltem a crescer e revertamos o nível de desemprego em Prudente”, salienta.

 

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