Comandante diz que policial “agiu em legítima defesa”

Univaldo Buzati, ex-policial civil, foi morto por militares após efetuar disparo de arma de fogo contra uma mulher que havia arrematado seus imóveis em Dracena

REGIÃO - ROBERTO KAWASAKI

Data 07/08/2019
Horário 05:06
Polícia Militar - Disparos ocorreram quando oficial comunicou ao autor sobre desocupação do imóvel
Polícia Militar - Disparos ocorreram quando oficial comunicou ao autor sobre desocupação do imóvel

A Polícia Militar do Estado de São Paulo abrirá inquérito militar para apurar as circunstâncias do disparo de arma de fogo efetuado por policiais, que resultou na morte do aposentado Univaldo Buzati, de 72 anos. Na manhã de ontem, o idoso, ex-policial civil, disparou contra a cabeça de uma mulher durante cumprimento de ordem para desocupação residencial. Após efetuar o tiro, militares que faziam a segurança no local revidaram com disparos que acertaram os membros inferiores do aposentado, que morreu. Conforme o 25º BPM/I (Batalhão de Polícia Militar do Interior) será investigado a conduta dos policiais e a ação que os levaram a efetuar os disparos.

“O PM agiu em legítima defesa, se não fosse a ação rápida o autor poderia ter efetuado disparos contra outras pessoas”, afirma o tenente-coronel PM Alexandre Fontolan, comandante do 25º BPM/I. A autoridade explica que momentos antes da ação, o Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) foi acionado por uma oficial da Justiça do Trabalho para que a polícia apoiasse a ação de busca e apreensão de imóvel, arrematado há algum tempo na Rua São Paulo, em Dracena. A perda ocorreu devido a um suposto processo trabalhista ocorrido há alguns anos.

“Quando o antigo proprietário recebeu a notícia [de desocupação], foi para dentro da residência, tomou um revólver calibre 38 e, ao sair, efetuou um disparo”, afirma. Conforme Fontolan, o tiro acertou a cabeça da arrematante, uma mulher de 48 anos. O projétil ficou alojado na cabeça da vítima, um pouco acima dos olhos. Diante da ação inesperada do aposentado, os policiais militares que faziam a segurança no local revidaram com dois disparos contra os membros inferiores do autor.

Um dos tiros atingiu a artéria femoral, o que causou a morte. “A Polícia Militar, infelizmente, noticia esse fato. Ele [Univaldo Buzati] não era um criminoso, mas uma pessoa de bem que no momento de fúria perdeu o controle e agrediu a mulher”, considera Fontolan. Além do autor e da vítima, um policial militar foi socorrido com ferimentos nas mãos e joelhos pelo fato de ter se jogado no chão para se proteger do disparo. Segundo a Santa Casa de Dracena, a mulher de 48 anos recebeu atendimentos médicos e foi transferida ao HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, de Presidente Prudente. O hospital afirma que ela deu entrada na unidade e o estado de saúde é considerado “estável”.

Apuração

Em nota divulgada à imprensa, a Delegacia Seccional de Polícia Civil em Dracena explica que a Polícia Técnico Científica compareceu ao local para os devidos levantamentos, bem como exames residuográficos nos atiradores. “A Polícia Civil lamenta o ocorrido, apresentando seus respeitos aos familiares e demais envolvidos e segue em sua missão de apurar a verdade real dos fatos, informando com presteza e esclarecendo-os”, considera. A ocorrência foi registrada como morte por intervenção policial, homicídio doloso consumado, legítima defesa, homicídio doloso tentado.

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