Com fila de espera, Lumen Et Fides requer repasses

Para atender as cerca de 60 crianças que estão aguardando, entidade precisa ampliar o espaço e contratar mais profissionais

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 02/04/2018
Horário 19:54
José Reis - Sem vaga na Lumen, a família da pequena Helena, 4 anos, custeia tratamento particular
José Reis - Sem vaga na Lumen, a família da pequena Helena, 4 anos, custeia tratamento particular

Enquanto aguarda por uma vaga na Lumen Et Fides, a nutricionista Thais Brito Trassi Quintana, 36 anos, precisa realizar todo o tratamento da filha Helena, 4 anos, na rede privada de Saúde. A menina foi diagnosticada com TEA (Transtorno do Espectro Autista) no ano passado, mas não conseguiu ser matriculada na entidade em função da falta de espaço físico e de profissionais capacitados para o atendimento. Assim como ela, aproximadamente 60 crianças estão na fila de espera da instituição. De acordo com a coordenadora pedagógica Perlla Cristina Roel de Oliveira, esta demanda não pode ser comportada enquanto não houver mais incentivos financeiros dos governos municipal e estadual. “Precisamos de verbas para a ampliação do espaço e mais apoio dos convênios para contratar mais funcionários”, expõe.

Enquanto isso não ocorre, Thais precisou abrir mão de sua profissão para se dedicar à filha em tempo integral. Ela conta que o tratamento particular é “difícil”, uma vez que, muitas vezes, não encontra profissionais devidamente capacitados para atender crianças com autismo e, quando há, as consultas normalmente são “muito custosas” – 50 minutos de terapia, por exemplo, podem sair por volta de R$ 150. “É muito complicado a gente ter condições de bancar isso, porque o autismo não dura por tempo determinado”, comenta. A nutricionista participa de um grupo que reivindica mais incentivos por parte dos governos a fim de viabilizar a ampliação da Lumen, já que, em sua opinião, “é o lugar mais indicado para esse tipo de atendimento”. “Não adianta criar novos lugares que talvez não tenham a mesma qualidade e capacitação que a Lumen possui. É necessário manter o que se tem”, avalia.

Fora da Lumen, a pequena Helena estuda hoje em uma escola particular e conta com o acompanhamento de uma terapeuta contratada por Thais, considerando que a unidade de ensino autoriza a matrícula desde que haja a presença de um profissional ao lado. “Além do material, tenho que pagar essa pessoa para estar lá dentro”, relata. Perlla, por sua vez, complementa que, via de regra, para a fila de espera ser movimentada, haveria a necessidade de algum aluno já atendido deixar a instituição, mas isso não ocorre, já que não existe uma “alta” para pessoas com autismo. Na Lumen, um assistido é contemplado com os serviços de educação até os 30 anos, porém, a coordenadora pedagógica defende que ele continue sendo atendido pelas oficinas após este período.

Com relação aos repasses, o DRS-11 (Departamento Regional de Saúde) de Presidente Prudente esclareceu que o atendimento a pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo, segundo a Política de Saúde Mental do SUS, está ligado à rede básica, por meio dos Caps (Centros de Atenção Psicossocial), unidades administradas pelas secretarias municipais de Saúde e que ofertam acompanhamento ambulatorial. A reportagem solicitou posicionamento para a Secretaria Municipal de Saúde, no entanto, não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Já a Secretaria de Estado da Saúde ressaltou em nota, que mantém um convênio vigente com a Associação Desenvolvimento de Crianças Limitadas Lumen Et Fides, instituição que serve como referência neste tipo de atendimento na região de Prudente. Desde o ano de 2014, até o momento, já foram repassados voluntariamente R$ 3,8 milhões à entidade. Ainda nesse ano, está previsto o repasse de mais R$ 700 mil. “Cabe esclarecer que a ampliação e oferta de serviços da saúde dependem diretamente de aumento de teto financeiro pelo Ministério da Saúde ao Estado de São Paulo”, declara.

 

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PROGRAMAÇÃO

Em alusão ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, a Lumen realiza às 8h de hoje, no salão da Toledo Prudente Centro Universitário, palestras sobre orientação familiar e problemas de comportamento. Para encerrar a semana comemorativa, às 14h, as pedagogas da AMA (Associação Amigas dos Autistas), Marli Marques Bonamini e Marcia Pauluci, promovem um bate-papo sobre o tema, no mesmo local.

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