Chineses ganham espaço no mercado prudentino

No Brasil, imigrantes encontram muitas dificuldades, principalmente a língua; porém, a convivência com a comunidade asiática os faz sentir-se mais perto de casa

PRUDENTE - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 23/10/2019
Horário 04:01
Paulo Miguel - Há 15 anos no Brasil, A Gui mantém duas pastelarias no calçadão de Prudente
Paulo Miguel - Há 15 anos no Brasil, A Gui mantém duas pastelarias no calçadão de Prudente

Primeiro, eles surgiram à frente de empreendimentos como lanchonetes e pastelarias. Depois, se expandiram, vieram mais deles, desta vez, apostando no ramo das lojas varejistas de roupas, calçados, acessórios e quinquilharias. Os chineses se instalaram, definitivamente, no comércio e na rotina prudentina.

Na primeira experiência da reportagem com um deles, uma grande dificuldade: explicar para A Gui, 39 anos, 15 deles de Brasil, o que é um jornal. A peleja durou pouco, rapidamente o comerciante sacou um moderno celular, colocou-o em frente à boca do repórter e esperou que ele repetisse: Jor-nal. “Ah! ”, compreendeu finalmente o atencioso chinês. Dono de duas pastelarias localizadas no calçadão da Rua Tenente Nicolau Maffei, A Gui veio da China por dois motivos: o primeiro, em busca de dinheiro e melhores condições de vida; o segundo, reencontrar a família que veio anteriormente.

Os motivos são semelhantes aos do vendedor Felipe Zheng, 25 anos. “Vim para trabalhar, faz quatro anos”, diz o rapaz. Atualmente, ele é funcionário de uma loja de calçados no Shopping Vila Romana, no quadrilátero central de Prudente.

A VIDA DOS CHINESES

EM PRUDENTE

Eles gostam da cidade. Nas curtíssimas frases que pronunciam, demonstram que foram cativados pela natureza tranquila do interior. Felipe destaca que se sente seguro em relação a São Paulo, primeira cidade que trabalhou no Brasil, e à própria China.

A Gui, em contrapartida, expõe um lado ruim, comum a todo Brasil, e do qual, Prudente não escapa. “Agora o Brasil está muito ruim, tudo está fraco. Você fala: pastelaria é bom? Não. Muito fraco”, expõe o chinês, que sente na pele os efeitos da crise econômica. De qualquer forma, A Gui e Felipe Zheng dividem a mesma opinião: “Ficar aqui é melhor que na China”.

A dificuldade mais notável dos imigrantes chineses em Prudente é se adaptar à língua portuguesa. Ambos afirmam que nunca fizeram aulas de conversação em português, aprendem somente conversando com prudentinos, realizando as vendas ou nos papos casuais. Em contrapartida, uma facilidade: a grande comunidade chinesa os faz sentirem-se em casa.

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