Centro de Triagem deve funcionar em até 20 dias

Há dois meses operando no novo barracão, desde a ocasião trágica, Cooperlix aguarda melhorias nas condições de trabalho

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 22/09/2018
Horário 04:00
Marcio Oliveira - Há quase 2 meses no barracão provisório, cooperados trabalham sem auxílio de maquinários
Marcio Oliveira - Há quase 2 meses no barracão provisório, cooperados trabalham sem auxílio de maquinários

Antes da noite do incêndio que acometeu o antigo barracão da Cooperlix (Cooperativa de Trabalhadores de Produtos Recicláveis de Presidente Prudente), a produção dos cooperados girava entorno de 150 t (toneladas). Hoje, com a redução desse número quase pela metade e dependendo somente do serviço manual, eles esperam pelo Centro de Triagem e Reciclagem, prometido pela Prefeitura. Mas a situação deve melhorar em até 20 dias, uma vez que está previsto, nesse meio tempo, o início da operação dos serviços do novo local, conforme informado pela própria municipalidade.

O centro, que já faz parte de uma promessa antes mesmo do fato trágico ocorrer, está pronto e, ao longo deste mês foram instaladas as esteiras para triagem do material reciclável, segundo a administração municipal. A previsão de início ainda está dentro do prazo de 90 dias, dado pela Prefeitura para a transferência do serviço ao novo local.

Por falar em tempo, completa-se dois meses desde que o incêndio atingiu o antigo barracão da Cooperlix, mais precisamente, 14 de julho. O fato resultou num prejuízo estimado de quase R$ 1,2 milhão, tristeza por parte dos cooperados, bem como um aumento da carga de trabalho.

É que com o incêndio e dentro desse prejuízo financeiro estão inclusos todos os maquinários e veículos queimados, que facilitavam a realização do serviço. Como dito, hoje a quantidade de materiais vendidos caiu de 150 t para algo em torno de 80 t. “E só é possível chegar nesse novo número, pois os próprios funcionários estão se doando mais, a fim de tentar amenizar os impactos ocorridos, principalmente os financeiros”, explica o cooperado Diego Victor Lopes dos Santos.

O que tem causado esse maior déficit, ainda de acordo com Diego, é a falta de maquinário para prensar os materiais. “Ele é vendido separadamente, então, o valor pago é menor”, completa. E na antítese, o que ficou maior foi o esforço e o cansaço, uma vez que a perda dos equipamentos resultou em um trabalho quase que 100% manual, ou seja, agacha, levanta, segura, joga, repassa, entrega, enfim, tudo sem o auxílio das esteiras que facilitavam o itinerário, agilizavam a produção e aumentavam a quantidade de materiais vendidos.

Em meio às dificuldades, o que não é dispensável, mas sim muito mais necessário, é a ajuda da população. À reportagem, o cooperado fala sobre uma mobilização maior que tem acometido depois do incêndio, principalmente com doações de cestas básicas. “Mas o mais importante é e continua sendo a separação correta dos materiais”, destaca o cooperado.

Como é feito no Condomínio Vale do Ribeira, há pelo menos um ano e meio. O zelador Claudinei Luiz dos Santos é quem coordena tudo por lá, ou melhor, fica verificando as bags (grandes sacolas de plásticos) que recebem os tipos de materiais. É um para os plásticos, outro para garrafas pet e um último para papelão. “Mas também têm algumas latas que a gente deixa de ladinho, perto das bags, e aí quando a Cooperlix vem buscar já entregamos também”, lembra.

Esse espaço, que é como uma espécie de minicentro de triagem, é onde eles promovem o trabalho de separação. Claudinei estima que haja aproximadamente uma produção entre 800 kg e 1 t de materiais recicláveis mensalmente, que serve para auxiliar no ganha-pão dos cooperados.

Mas esse trabalho vai além do seu local de serviço e transcende para a casa do Claudinei. “Com o maior prazer”, o zelador faz o que a própria profissão dele diz: zela. Zela pelo comprometimento em separar os materiais adequadamente. Zela pelos cooperados. Zela pela natureza. “Muitas pessoas não têm esse compromisso. A vida está difícil sim, e se não ajudarmos uns aos outros, quem vai fazer isso? Não ligo de mexer no lixo. Faço com o maior prazer”, afirma.

SEPARAÇÃO DO LIXO

O trabalho dos cooperados da Cooperlix, resumidamente, divide-se em três etapas: a coleta, que é feita de casa em casa; a separação dos materiais que são coletados e não estão adequadamente organizados; e, por fim, a venda, seja dos utensílios avulsos ou prensados.

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