Castidade: dom ou escolha pessoal?

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 28/04/2019
Horário 08:00

Ao pé da letra, a definição de castidade vem da abstinência completa dos prazeres do amor, carnais e tudo a que eles se referem. Mas o que muita gente não sabe é a forma que esse estado se concretiza, baseado em preceitos religiosos. Pastor da Igreja Presbiteriana Central do Brasil, em Presidente Prudente, Thiago Henrique da Silva Convento explica que a escolha pela abstenção pode ocorrer tanto pelo dom que a pessoa possui quanto pela decisão interna.

Na primeira concepção, seriam tais pessoas predestinadas pelo dom - que se elucida através da religião - a viver, em missões ministeriais, no caso da igreja evangélica, ou pelo sacerdócio, como padres e freiras, quando se fala da igreja católica. Já pela decisão pessoal, vem do próprio indivíduo, em se abster de coisas, que para ele são consideradas como banais ou impróprias para determinadas fases da vida.

A confusão também vem, aliás, quando se atrela a castidade apenas às restrições sexuais. Não deixa de estar errado, ainda de acordo com o pastor, mas a abstinência também tem a ver com a privação de vícios ou coisas que a ele podem levar, “como cigarro, bebida, jogos, pornografia, entre outras”.

E embora a questão sexual seja mais enfática na castidade, ainda há complicações no entendimento e na separação quanto à virgindade. O pastor explica que, não necessariamente a pessoa precisa ser virgem para fazer o voto ou promessa. “Chamamos de segunda virgindade. Simplesmente é o momento em que a pessoa, mesmo que já tenha praticado ato, em determinado momento da vida se sente tocada por Deus e opta por se guardar para alguém que conheceu ou irá conhecer, até que o casamento chegue”, completa.

O que deve ser respeitado, diante de todas as situações, conforme Thiago, é a opção da pessoa. Para ele, por mais que haja discussões acerca do tema, “um líder nunca pode impor isso” a alguém, uma vez que se trata de algo que deve partir da pessoa. Ademais, ele aponta que, dentro de cada comunidade religiosa, existem ramificações da castidade, que podem pender para uma linha mais rígida ou não de restrições.

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Cedida

Jornal O Imparcial

Denis: “Todo dia é uma escolha de viver a castidade”

 

Nome e idade: Denis Neves Cecilio, 26 anos

Ocupação: Químico

Cidade de origem: Piquerobi (SP)

Como ocorreu a sua decisão de fazer o voto de castidade?

Não fiz votos religiosos, nem algo do tipo em relação à castidade. Eu busco vivê-la de acordo com o que a Igreja Católica pede a todos nós fieis.  Todo dia é uma escolha de viver a castidade, que pelo contrário de que muitos pensam não é uma castração, mas uma virtude que nos inclina ao verdadeiro amor. Ser católico me ajudou muito sim a entender porque é importante viver a castidade, e a escolher por ela. Aprendi com a igreja que amar é o contrário de usar, e quando há uma relação sexual antes do casamento a Igreja Católica ensina que isso é um uso do corpo, pois não há um compromisso fiel, total para toda a vida e aberto à vida.

Diante da sua decisão, como foi lidar com preconceitos, dificuldades ou até mesmo brincadeiras?

Em relação a preconceitos, não tenho grandes dificuldades. Vejo que a escolha da castidade é algo vivido interno e naturalmente se transmite em atitudes externas. Essas atitudes levam as pessoas a respeitar minhas escolhas.

Qual cuidado toma para que essa promessa não seja quebrada?

Não é uma promessa, mas como já disse uma decisão diária. A castidade está ligada ao domínio de si, então os cuidados não estão apenas na privação do ato sexual, mas também em vestir-se de forma que não provoque o outro a pecar, a pureza no olhar, saber quais programas assistir, enfim tudo que conserve a pureza.

Acredita que o casamento tornará esse momento mais especial?

Sim, acredito que será mais especial o ato sexual vivido no casamento, onde o casal está pronto para se unir e também gerar vida. Ali um é do outro não como um objeto de prazer, mas como um dom.

Como você avalia a vida do jovem hoje em dia, em relação à sexualidade?

Vejo que estamos a todo momento sendo bombardeados de informações sexuais, seja na mídia, TV, internet, carnaval. Cada vez mais cedo jovens têm tido vida sexual ativa, o sexo livre e sem compromisso é algo que grita na sociedade. Em contraste a isso um jovem que quer ser diferente ter um amor que preenche deve ir contra a maré, é muito difícil hoje para um jovem viver a castidade, mas acredito que todos nós buscamos aquilo que é eterno, um amor para vida toda. A castidade é dar um sim a si mesmo, um sim a um amor verdadeiro, a um casamento santo.

dicas

Merlí (2015)

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A história da filosofia mundial não se tange a Platão, Sócrates ou Aristóteles. E talvez a melhor forma de aprender tal conteúdo seja relacionando-o com o cotidiano, já que o próprio estudo propõe isso. Pelo menos é a forma que a série de sucesso da TV espanhola Catalunha, Merlí, mostra isso. Dividida em três temporadas com 13 episódios cada, a sequência conta a história do professor de filosofia que leva o nome da novela, Merlí. Mas mais que isso, com o auxílio do estudo da matéria, ele tenta organizar e resolver conflitos da vida de seus alunos, com temas relacionados com o cotidiano, como: homossexualidade, convivência entre pais e filhos, sexualidade, bullying, comportamento abusivo e plano de carreira, pensando em vocações e utilização correta de talentos, entre outros. Muitas vezes o cerne ilustrado pela relação de professor e aluno dá espaço para psicodramas dos jovens, de forma a buscar a ajuda do docente e vê-lo como um amigo e não um profissional a ensiná-los. O mais bacana é a forma que, com uma pitada de indisciplina cômica, a filosofia, muitas vezes considerada um saber inútil, ensina que por meio dela é possível entender a vida, e melhor, aprender a encará-la com um olhar mais sábio. A série está disponível no catálogo da Netflix.

Agnus dei (2016)

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Sob a direção de Anne Fontaine, foi produzido o longa-metragem Agnus dei. Apesar de atual, o filme ilustra o cenário vivido na Polônia, em 1945, ao longo da Segunda Guerra Mundial. Na trama, Lou de Laâge, que vive a enfermeira francesa Mathilde descobre que algumas freiras moradoras de um convento da cidade vizinha foram estupradas por soldados invasores. A ocasião faz com que parte delas engravide. Com isso, a obra gira em torno do empenho da enfermeira em cuidar, secretamente, das mulheres que foram abusadas. No entanto, a dificuldade vem das próprias freiras que iniciam uma série de julgamentos e culpa, por sentirem que violaram o voto de castidade. Nesse ponto, elas se recusam a serem tocadas por quem quer que seja, até mesmo Mathilde. O que fica bem claro na trama é a o desejo sexual do homem, diante de falas da sociedade atual que muitas vezes condenam as mulheres pelas roupas que usam. No entanto, nem uma pessoa que vive com o corpo coberto da cabeça aos pés está imune. O roteiro efetua um bom trabalho na descrição física e psicológica das consequências destes atos.

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