A mudança recente de estações e o tempo seco, de acordo com o infectologista José Wilson Zangirolami, são fatores que propiciam o aumento nos casos de virose nesta época do ano. Para identificá-la, o profissional deve seguir duas premissas, a doença com predominância respiratória ou gastrointestinal, sendo que cada uma delas possui características diferentes e merecem um cuidado especial. Em Presidente Prudente, a reportagem obteve os dados de atendimentos de virose com a Santa Casa de Misericórdia, que neste ano atendeu, até ontem, 1.411 casos da doença. As outras unidades de saúde não forneceram dados à reportagem.
O especialista lembra que o clima influencia no acometimento da doença, visto que o tempo mais fresco pela manhã e quente pela tarde aumenta as chances de contaminação, pela instabilidade no sistema imunológico. Sobre os sintomas, José esclarece que na virose respiratória é possível notar tosse, coriza no nariz e irritações na garganta. “Já naquela que tem as características gastrointestinais, notamos a presença de diarreia e vômitos”, esclarece.
O infectologista informa que ambos os tipos ocorrem nesta época do ano, e alerta para a importância de ficar atendo à quantidade de dias em que a doença se aloja e não deve passar dos cinco dias. “Se esse quadro se expandir, é possível que haja algumas complicações e, por isso, mesmo sendo algo comum, é uma doença que deve ser avaliada e acompanhada por um profissional. Normalmente as crianças são mais acometidas, pela imunidade mais frágil e pouco contato com esse tipo de doença”.
No Pronto Socorro da Santa Casa de Misericórdia de Prudente, somente neste ano, com dados registrados até ontem, a unidade registrou 1.411 atendimentos de virose. Em relação ao mesmo período do ano passado, o número correspondia a 1.429 casos. A reportagem entrou em contato com a Prefeitura, para obter o dado de atendimentos nas unidades de saúde do município, mas foi informada de que as viroses “englobam uma série de doenças transmitidas por vírus”, o que impossibilitaria o fornecimento estatístico. Já o HR (Hospital Regional) Dr. Domingos Leonardo Cerávolo informou, por nota, que tais casos são considerados de atenção básica e, por isso, devem ser tratados nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde).
Busca por atendimentos
A reportagem acompanhou na tarde de ontem, o movimento em algumas unidades de saúde do município e conversou com alguns dos pacientes que chegavam na busca por atendimentos para a suspeita de virose. A auxiliar de enfermagem, Tatiana Souza, estava com os filhos gêmeos, Ana e André, de 1 ano e 2 meses, na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Conjunto Habitacional Ana Jacinta, sendo que as crianças apresentavam já há alguns dias sintomas como diarreia e vômito. “Por serem crianças, elas transmitem a doença muito fácil e isso me preocupa muito, pois há uma semana elas não vão para a escola e deixo de trabalhar por isso”, esclarece.
A cabeleireira, Marceli Barbosa, 37 anos, acompanhava a filha, Ana Caroline, 19 anos, porque a jovem estava com dores na barriga e suspeitava da doença. “Somos em cinco pessoas em casa, por isso viemos buscar atendimento e queremos evitar que todos peguem virose”. Na unidade, pelo menos sete pessoas estavam com suspeita da doença, sendo que apenas duas quiseram dar entrevista.
Já na UBS Doutor Otelo Milani Junior, conhecida como Cohabão, a reportagem encontrou a estudante Beatriz Junqueira, 18 anos, que apresentava sintomas como tontura, dor de cabeça e náuseas. “Esqueci que de tarde eles não atendiam como emergência, por isso, terei que voltar às 19h. Estou já há alguns dias assim, penso que pode ser virose”, acrescenta.
Já em frente à santa casa, a comerciante Regiane Marangoni, 35 anos, saía acompanhada do filho e do pai, e afirma ter sido diagnosticada com a doença há poucas semanas. “Não vim aqui hoje por causa disso, mas sofri por alguns dias com vômito e diarreia. Meu filho também teve e demoramos uns três dias para ficarmos bem”.
ORIENTAÇÕES
De acordo com o infectologista, José Wilson Zangirolami, mesmo a virose sendo uma doença que é transmitida facilmente, algumas medidas podem ser tomadas para que a prevenção ocorra. O profissional lembra que as crianças são o perfil que mais tem incidência nos casos, sendo, para elas, as seguintes instruções:
- Não levar à escola / creches, pois isso evita o contato com demais crianças;
- Pais e/ou cuidadores devem manter as mãos sempre higienizadas;
- Também ter cuidados com a mão das crianças, que tocam em muitos lugares.
Além destas, José esclarece que todos devem se atendar aos cuidados com a hidratação e alimentação balanceada, para que o corpo esteja pronto para passar por essa fase.