Na 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, os departamentos de Vigilância Epidemiológica Municipal registraram 467 ocorrências de sífilis em gestantes e 312 casos congênitos da doença durante o quadriênio de 2014 a 2017, que é o período mais recente reportado pelo DataSUS, o sistema de processamento de dados do Sistema Único de Saúde. Em mulheres grávidas, a incidência da infecção mais do que dobrou no período analisado. Em 2014, foram diagnosticados 76 casos. No ano seguinte, 107. Em 2016, 129. Já no ano passado, 155 – ou seja, crescimento de 20% no último ano.
Embora a doença seja silenciosa e passe despercebida pelos portadores que não buscam voluntariamente o exame, o infectologista José Wilson Zangirolami explica que os referidos números refletem a realidade da região, uma vez que todo serviço de saúde particular ou público inclui em sua rotina a triagem de sífilis durante o pré-natal, possibilitando o diagnóstico ao longo da gestação e a devida notificação aos boletins epidemiológicos.
Entre os 53 municípios regionais, aquele que se destaca com a maior quantidade de casos em gestantes é Presidente Prudente, com 138 registros, o que representa 29,55% do total de ocorrências. Na sequência, está Rancharia, com 35 notificações (7,49%), e Presidente Venceslau, com 26 (5,56%). Quanto aos congênitos, Prudente também lidera o número de casos, com 233 atendimentos, o equivalente a 74,67% do todo, seguida por Osvaldo Cruz e Presidente Venceslau, com 17 (5,44%) cada.
O infectologista esclarece que a preocupação com as mulheres grávidas é maior, considerando que a sífilis pode prejudicar o êxito da gravidez de diversas maneiras, desde a interrupção da mesma até o nascimento de uma criança com graves problemas de saúde. Nesse sentido, aponta ser essencial que o público feminino inicie o pré-natal assim que a gravidez for confirmada, com o objetivo de garantir o acompanhamento desde o princípio e, desta forma, diagnosticar a sífilis a tempo nos casos em que a sorologia for positiva. Em tais circunstâncias, as equipes médicas entram com o tratamento imediato, a fim de impedir que o bebê nasça infectado.
A terapêutica, no entanto, não dispensa a avaliação da criança após o nascimento. O médico denota que é feita uma série de exames no recém-nascido e, se houver necessidade, o especialista autoriza a aplicação da penicilina. “É muito importante que as gestantes realizem o tratamento conforme as orientações médicas para evitar que, mais tarde, o bebê seja submetido a um tratamento mais agressivo”, relata.
O médico ainda pontua que todas as equipes obstétricas estão bem treinadas para atender as gestantes e procederem aos exames de rotina necessários. Além disso, ressalta que, quando desconhecida, a sífilis pode ficar latente no organismo por muitas décadas até atingir sua fase mais grave, capaz de comprometer o sistema cardiovascular e o sistema nervoso central. Nesse contexto, recomenda que as melhores formas de preveni-la são o uso do preservativo e a realização dos testes sorológicos após relações sexuais desprotegidas.