Uma ação comunitária realizada em âmbito local é prova de que a solidariedade não mede distância. Apesar dos mais de 4,2 mil quilômetros que separam Presidente Prudente e Boa Vista (RR), a diretoria do Rotary Club Norte decidiu não ficar parada e promover uma mobilização com o objetivo de reduzir o caos social gerado pela imigração venezuelana na capital roraimense – o resultado foi a arrecadação de 2,5 mil unidades de medicamentos. Isso porque a cidade tem sido o refúgio de habitantes do país vizinho, que escapam da instabilidade política e econômica do governo de Nicolás Maduro. O fluxo migratório desordenado se intensificou tanto a ponto de, em fevereiro deste ano, o presidente Michel Temer (MDB) assinar um decreto em que reconhece a “situação de vulnerabilidade” do Estado brasileiro e editar uma MP (Medida Provisória) dispondo de medidas de assistência emergencial para o acolhimento.
No entanto, somente as ações do governo federal não têm sido suficientes para amenizar os impactos causados, o que despertou o interesse de voluntários em contribuir com a causa. O presidente do Rotary Norte, Marcelo Flávio Cezário, expõe que, depois de acompanhar tantas notícias sobre o assunto, resolveu entrar em contato diretamente com a mesa do Rotary de Boa Vista, a fim de propor uma parceria para a arrecadação de remédios para a população imigrante, uma vez que a falta de medicamentos é uma das principais carências deste pessoal.
O acordo não só deu certo, como o clube prudentino conseguiu, junto à comunidade médica local, arrecadar 2,5 mil unidades de medicações, que incluem suplementos alimentares para as crianças, remédios para diabetes e hipertensão, anti-inflamatórios e pílulas anticoncepcionais. A equipe também contou com a colaboração da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), que forneceu 288 preservativos para compor a remessa. Já a Colgate contribuiu com 100 kits de higienização bucal.
Coleta e despacho
Os medicamentos recolhidos são, em sua maioria, amostras grátis disponibilizadas aos pacientes durante consultas. Marcelo conta que começou entrando em contato com seus amigos médicos mais próximos e, por meio deles, divulgava a iniciativa para outros profissionais. Depois de coletados os remédios, foi preciso discutir como todo o material seria remetido ao clube de Roraima.
Em uma reunião interna, a diretoria decidiu fazer o envio por meio de uma companhia aérea de viagens, sendo que o intuito é despachar a remessa amanhã, de modo que na semana que vem, as doações já estejam em Boa Vista. “O Rotary de lá ficará responsável pela triagem deste material e sua disponibilização para os acolhidos”, esclarece.
O presidente do clube relata que a proposta do Rotary é também mobilizar outros grupos a contribuir com a causa à sua maneira. Ele explica que a vocação humanitária está vinculada à missão do Rotary, que sempre intervém nos lugares onde há um conflito social, a exemplo de campanhas anteriores, como a que visou ajudar os refugiados da Síria. “Nos solidarizamos com essas realidades para tentar amenizar os problemas enfrentados. Não digo resolver, mas tentar contribuir e dar o exemplo para que outros façam o mesmo”, pontua.
Nos solidarizamos com essas realidades para tentar amenizar os problemas enfrentados. Não digo resolver, mas tentar contribuir e dar o exemplo para que outros façam o mesmo
Marcelo Flávio Cezário
presidente do Rotary Norte