Caminhoneiros

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 29/05/2018
Horário 08:02

Em 2012, no governo Dilma Rousseff (PT), o Finame (Agência Especial de Financiamento Industrial) e o programa Procaminhoneiro inundaram o mercado de caminhões e, consequentemente, com a sobra de caminhões o preço do frete caiu. Logo a recessão econômica, somada às estradas ruins, falta de segurança, excesso de impostos e pedágios, castigaram ainda mais esta classe que literalmente carrega o Brasil nas costas. O movimento transcendeu a causa dos caminhoneiros e conquistou a simpatia da maioria dos brasileiros que estão cansados desse governo ineficiente repleto de impostos abusivos e corrupção desenfreada.

Tiradentes morreu por ter levantado um movimento contra os 20% de impostos cobrados pela coroa portuguesa. Hoje pagamos em torno de 50% de impostos na gasolina e a classe que deu cara a tapa foi a dos caminhoneiros. O movimento colocou luz sobre esta situação e deu voz a muitos brasileiros que estão revoltados com a cobrança absurda de impostos, corrupção generalizada e a falta de serviços de qualidade. Impostos estes que muitas vezes vão parar na mão de corruptos, abrindo um buraco no orçamento e que para cobrir só lhes restam mais e mais impostos.

Por isso, da mesma forma que a revolta dos 20 centavos de 2013, não foi apenas pelo aumento das tarifas do transporte público, este movimento também não é apenas pela baixa dos impostos do diesel. A greve dos caminhoneiros deu voz para agricultores, comerciantes, motoristas de vans, moto-taxistas, produtores de pescados, cidadãos em geral que se uniram a eles para dizer: “chega de corrupção, impostos extorsivos e serviços de má qualidade!”.

Os transtornos que enfrentamos no momento é também uma herança do governo Juscelino Kubitschek, que investiu em rodovias em detrimento de outros modais de transporte como hidrovias e ferrovias. Hoje o nosso transporte é um dos mais caros e ineficientes do mundo. Nos Estados Unidos os caminhões podem parar hoje mesmo que o transtorno seria muito menor do que este que passamos agora. Lá o modal rodoviário é responsável por apenas 1% do transporte, enquanto no Brasil está em torno de 70%.

A greve dos caminhoneiros é válida e merece nosso apoio. No entanto, há receio do que pode estar por trás disso! Em 1999, 2013 e 2015, greves de caminhoneiros foram empreendidas. Contudo, as estratégias de hoje parecem bem melhores, como as dos militares em ambiente guerra: trens de cargas bloqueados, portos inacessíveis, refinarias fechadas, bloqueios estratégicos em rodovias e simpatia dos brasileiros. Tudo ao mesmo tempo. Este movimento definitivamente transcende a causa dos caminhoneiros.

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