Caminhada Azul conscientiza prudentinos sobre o autismo

Evento promovido pela Lumen foi realizado ontem, no Parque do Povo de PP, com a participação de aproximadamente 400 pessoas

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 02/04/2018
Horário 20:08
José Reis - Com balões azuis e faixas, participantes lembraram a data na manhã de ontem, no Parque do Povo
José Reis - Com balões azuis e faixas, participantes lembraram a data na manhã de ontem, no Parque do Povo

Na manhã de ontem, o céu nublado ganhou um pouco de azul após a soltura dos balões dos participantes da Caminhada Azul, realizada pela Lumen Et Fides em alusão ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Vestidos de azul, cerca de 400 pessoas fizeram, juntas, um trajeto curto no Parque do Povo para conscientizar a população sobre o que é o problema, que afeta principalmente a comunicação, linguagem, interação social e comportamento. E engana-se quem pensa que esta é uma condição presente apenas em crianças. Fábio Kozuki tem 40 anos e é diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) desde que tinha apenas 1 ano e meio de idade.

A mãe de Fábio, Aparecida Kozuki, 68 anos, relembra o tempo da descoberta. Quando o filho frequentava a creche, ouviu da psicóloga que se tratava de um “menino diferente”. Sendo assim, começou a correr atrás de diversos exames até receber a notícia na capital. “A mãe de uma criança com deficiência passa por todo um processo até chegar à fase da aceitação. Hoje, o Fábio é considerado um anjo na família”, conta. Aparecida foi uma das mães que idealizaram a Lumen Et Fides, justamente com o objetivo de garantir um espaço para o atendimento integral de seus filhos. Hoje, são 143 pessoas atendidas, sendo 53 com autismo, cuja faixa etária varia de 3 a 41 anos.

 

Desafios e preconceito

Embora o autismo tenha ganhado mais espaço nos meios de comunicação, a coordenadora pedagógica da Lumen, Perlla Cristina Roel de Oliveira, aponta que ainda há muita falta de informação sobre o espectro. Segundo ela, quando uma criança é diagnosticada, os pais não sabem o que fazer e, muitas vezes, acreditam que a solução é deixar o filho em casa, situação que a instituição visa combater. “É claro que há vários graus de autismo, mas conseguimos fazer um plano individualizado para cada criança e, a partir disso, desenvolver o máximo possível de suas habilidades”, expõe.

Em âmbito social, é também preciso desmistificar a ideia de que o autista não pode fazer parte da comunidade. “Quando eles saem para a rua, ainda há muita estranheza entre as pessoas, porque se divulga muito que os autistas são agressivos. Com isso, a sociedade tem medo de chegar perto e dar um abraço, por exemplo”, comenta.

A nutricionista Thais Brito Trassi Quintana, 36 anos, sente este preconceito diariamente, considerando que o comportamento da filha Helena, 4 anos, é algumas vezes visto como “birra” ou “falta de educação e postura por parte dos pais”. “As pessoas não entendem e julgam sem saber. Este é um comportamento natural do autista. Eles exageram nos sinais por conta da carga sensorial. Quando se jogam ou gritam, não fazem por maldade, mas por ser esta uma forma de descarregar seus sentimentos”, relata.

 

 

 

 

 

 

 

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